O Líder que Deus Usa
Pr. Russell P. Shedd
"Quando pensamos em um líder, nosso foco recai sobre alguém que convence seguidores de que pode resolver seus problemas de uma forma melhor e mais eficaz do que qualquer outra pessoa".
Veja algumas características de um líder e de uma verdadeira liderança:
- Reconhece os problemas, as dificuldades e as necessidades de um grupo.
- Tem capacidade e potencial indiscutíveis (inteligência, atenção, facilidade de se comunicar, originalidade, julgamento, responsabilidade irrefutável, confiança, iniciativa, persistência, auto-confiança, desejo de vencer).
- A paciência, a preocupação pela glória de Deus e a perseverança são as qualidades que especialmente se sobressaem. Quase que com a mesma importância estão sua coragem perante o perigo, a sua criatividade perante a rebeldia e a sua mansidão diante de tribulações.
- É um homem de oração.
- É flexível (adapta-se a mudanças e ajusta-se ao inesperado)
- Sua humildade ímpar o faz verdadeiramente maleável nas curvas e travessas do caminho que Deus coloca perante ele.
- É objetivo: tem habilidade para controlar sentimentos pessoais.
- Um ministro de Cristo deve ter sua língua, seu coração e suas mãos em concordância.
- Um líder eficiente mantém uma postura de aluno durante a vida inteira. Nunca param de estudar; Lêem livros que aumentam seu conhecimento e ampliam seus horizontes. Assistem cursos para crescer e melhorar suas aptidões ministeriais.... Enfim, não é arrogante.
- Os líderes que apresentam os mais nobres traços de caráter não precisam se manter no poder por força bruta ou engano.
- Trata as pessoas de igual para igual, pois ser um líder não faz de alguém melhor do que outros, nem mais valioso aos olhos de Deus.
- É generoso com elogios legítimos e encorajamento. Sempre enfatiza as qualidades e virtudes dos outros. Não dá a impressão de que é perfeito, sem pecados.
- A liderança que exclui o fraco, o doente e os membros esquecidos da sociedade, não reflete o ensino de Jesus.
- Para ser um motivador, o líder deve ter a habilidade de despertar e mover as pessoas à ação e à realização, ao mesmo tempo que, satisfaz às suas necessidades. Isso inclui a mobilização e o agrupamento de homens e de mulheres para aceitar a visão e o trabalho para o cumprimento da obra.
- O líder precisa de novas idéias, e da sabedoria de Salomão, para avaliar as forças sufocantes reacionárias e distinguí-Las dos ventos devastadores da mudança que promete melhoramento e eficiência (cf Ef. 4.14).
- Um líder planeja cuidadosamente como superar a resistência e tornar a oposição em algo vantajoso para ele.
- Um líder precisa manter renovado o seu vigor nas Escrituras, no seu caminhar com o Senhor e na sua área de perícia. Do contrário, ele perderá a credibilidade com os seguidores que também tenham acesso à fontes boas de informação.
- Um líder soberbo raramente ouve a voz do grupo que lidera, pois é auto confiante. Ele pensa que sabe, acima de todos, como dirigir o grupo. A soberba faz com que seja impossível de uma verdadeira dependência de Deus e o ouvir sua voz. Sem a direção divina, um líder soberbo será impetuoso e tomará decisões sem a reflexão necessária ou a troca de idéias.
- O líder que mente, que exagera ou que esconde a verdade não tem direito algum de controlar a vida de outros.
- O verdadeiro líder espera coisas grandes de Deus e aspira fazer coisas grandes para Deus.
- Um líder sábio anda na linha que separa a determinação da teimosia.
- A adaptabilidade a face de mudanças rápidas é a marca niveladora da liderança de qualidade.
- Alguns líderes podem facilmente cair na armadilha de acreditar que um seguidor que fala a verdade é desleal.
- As decisões sem ouvir as opiniões contrárias podem afundar todo o propósito de existência de um grupo.
- O equilíbrio entre a visão e a praticabilidade não deve ser perdida. Um líder que tem grandes sonhos, mas não tem seus pés no chão, tem pouco valor para a Igreja hoje.
- Nunca diga "Eu aprendi", mas "Eu estou aprendendo"; pois qualquer que seja o fato que o líder tenha aprendido no passado, ele precisa ser melhorado e aperfeiçoado.
- Um líder que negligencia a oração provavelmente fracassará, enquanto aquele que faz da oração a sua atividade fundamental tem uma boa chance de alcançar o sucesso.
Postado por Márcio Melânia
Lições de Liderança baseadas na vida de Davi.
Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele. Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens. (I Sm 22: 1-3)
Davi retorna ao território de Judá, mas não muito distante da fronteira de Israel com a Filistia. Ele se esconde de Saul na caverna de Adulão. A localização de Adulão não é exata, mas parece ter se sido há algumas milhas a leste de Gate, na direção de Belém e Jerusalém. Parece que Davi encontrou um esconderijo isolado e seguro, longe o suficiente de Gate e não muito perto de Saul. (Adulão será o Q.G. da Davi).
Davi parece estar sozinho, até agora. Mas, quando se esconde na caverna de Adulão, uma porção de gente começa a chegar esperando juntar-se a ele. Os primeiros a ouvir sobre seus parentes, que se unem a ele na caverna. Eles devem sentir que, uma vez que Davi é visto como inimigo de Saul, eles também não estão seguros. Penso eu, ser a melhor posição teológica, com base no destino dos sacerdotes (ver I Sm 22). Outros os seguem, aqueles que estão em perigo, em dívida, ou não são a favor de Saul. Eles vêm a Davi como seu novo líder. Aqueles que se juntam a Davi durante sua estadia na caverna chegam aproximadamente a 400 homens.
1. Como líder, Davi nunca menosprezou aqueles que o Senhor lhe enviava.
• Davi atraia estes homens sem procurá-los. ( II Sm 22:1-3).
2. Como líder, Davi tinha a habilidade necessária para treinar homens que não possuíam nenhuma capacidade. Transformado estes homens na Elite Militar da sua época. Um verdadeiro exército de Deus.
• De covardes, Davi os fez valentes e poderosos (II Sm 23:8).
• De aflitos, Davi os fez soldados valorosos. Um Exercito de Deus (I Cro 12:22).
• De endividados, Davi os fez mais valiosos do que ouro. O menor valia por 10 homens e o maior por 1ooo. (I Cro 12: 14).
3. Como líder, Davi não tinha medo ou receio de colocar ao seu lado homens que teriam seus potenciais maximizados no decorrer do treinamento. Muitos destes Valentes seriam melhores do que Davi na arte da guerra. (I Sm 23:8-17).
• Josebe matou 800 com uma lança.
• Eleazar com sua mão pegada à espada atacou os filisteus e os feriu.
• Samá defendeu seu campo de lentilhas, efetuando grande combate.
4. Como líder, Davi tinha admiração e respeito pela vida e serviço fiel dos seus liderados. (II Sm 23:17).
• Os valentes ouvem o suspiro por água do seu líder e agem imediatamente em missão.
• Não era uma ordem de Davi, nem um pedido, era apenas um desejo pela água da fonte de Belém. Todavia, estes homens romperam as barreiras e obstáculos por causa do desejo de servir ao ungido do Senhor.
5. Seus liderados o amavam, respeitavam, obedeciam e lhe devotavam total admiração.
• A lealdade destes homens não era interesseira, não estavam atrás de promoção, nem eram bajuladores ou hipócritas.
• Davi nunca procurou a fidelidade destes homens.
• Todavia extraiu deles lealdade e serviço por meio da sua devoção para com eles.
• Davi publicamente honrou o sacrifício dos valentes presenteando a Deus com a água que eles trouxeram em oferta a Davi.
• Será que em nossos dias ainda existem homens valentes, a ponto de arriscarem suas vidas, rompendo limites e obstáculos em favor do seu líder.
• Será que ainda existem homens como Davi (devotado aos seus liderados). Homens cuja sua atitude de amor, zelo e admiração pelos seus liderados falam mais alto que suas palavras.
6. Como líder, Davi era a inspiração de seus liderados. Ele era alguém que resplandecia a luz do Senhor. Ele era a lâmpada de Israel (II Sm 21:17).
• Davi já estava velho. Seus pais já descansam no sepulcro. A vida estava passando e os anos se abreviaram. Davi já não é mais o garoto que matava leões e ursos que ameaçavam rebanhos.
• Também não é mais o jovem destemido que, com uma funda e cinco pedrinhas, derrubara o gigante Golias.
• Mas ainda acha que pode guerrear, é verdade. Acaba de enfrentar outro gigante, Isbi-Benobe, mas quase morre desta vez, não fosse pela intervenção de Abisai. Por isso, seus próprios soldados lhe aconselharam: Por favor, rei, fica em casa, para que “não apagues a lâmpada de Israel”. Como a luz flui da lâmpada, o calor do fogo, e os pensamentos da mente, assim Davi era o símbolo da Providencia e Promessas de Deus para Israel. Nesta altura dos acontecimentos Davi compõe um cântico a Deus, que corresponde ao Salmo 18, e que expressa agradecimentos por livrá-lo “da palma da mão de todos os seus inimigos e da palma de Saul”.
• Suas responsabilidade como líder da nação no Salmo 18 inicia com a sua declaração de amor a Deus; e como líder Davi expressa seu amor: obedecendo a Deus... 1) em justiça de vida (20,24); 2) em pureza diante de Deus (20,24); 3) Guardando os caminhos do Senhor que é perfeito (21,30); 4) Não se apartando de Deus (21); 5) Ter diante de si a Palavra de Deus que é provada (22,30); 6) Sendo íntegro e se guardando da iniqüidade (23); 7) Sendo sempre agradecido (46); 8) Bendizendo e engrandecendo a Deus (46); 9) Glorificá-Lo publicamente (49); 10) Cantar louvores ao Seu nome (3,49); 11) Testemunho sua gloria e majestade (49).
• Saber que podemos contar com a ajuda de Deus e de nossos liderados nos momentos mais difíceis da nossa é um grande alento e mui agradável balsamo para a alma dos pastores, que por vezes, estão exaustos e afadigados do combate cristão.
7. Como líder, Davi sabia que o ministério exige a excelência daqueles que são vocacionados. E que passar pelos desertos das provações lapidaria seu caráter e forjaria sua alma no fogo do Espírito do Senhor. (I Sm 23-24). Davi passa a ter consciência do sagrado.
• Todos aqueles que desejam ter um profundo relacionamento com Deus passam pelo deserto, devem se refugia em Adulão. (Moises, Elias, Paulo e nosso Senhor Jesus passaram pelos desertos. O deserto faz parte da pedagogia e mistagogia de Deus).
• Davi não escolheu o deserto, mas foi forçado a se refugiar dos ataques de Saul na região do Neguebe por aproximadamente 10 anos de sua vida.
• Davi recebeu o seu Ph.D em ministério depois de passar pelas faculdades do deserto de Zife; de Maom; Em-Gedi e Parã.
• Os anos de provações no deserto levaram Davi a ter uma percepção mais clara do sagrado e do profano, da santidade e da impureza, da beleza e do desespero, da obediência e do pecado; Davi foi capaz de ver a gloria de Deus onde ninguém mais podia ver, isto é, na vida de Saul, o ungido de Deus. (I Sm 24:10). O deserto nos torna mais humano e menos anjo.
• Adulão significado refugio. Foi no deserto que Davi escondeu-se de Saul numa caverna em Adulão (1Sm 22:1; 2Sm 23:13; 1Cr 11:15). Adulão é lugar de sair da superficialidade e buscar profundidade insondável.
• Na caverna de Adulão, existem lugares profundos ainda não sondados, lugares onde não se conseguia medir a profundidade.
• Mas Davi conhecia em profundidade ao Senhor, ele conhecia o Bom Pastor (Salmo 23) aquele que o havia livrado do Urso e do Leão, aquele que havia entregado o gigante e todos os filisteus em suas mãos. Davi conhecia ao Senhor, e seu conhecimento não era superficial.
• Precisamos entrar em Adulão para conhecermos ao Senhor com intimidade. Adulão é lugar de transformar a exaltação em humilhação.
8. Como líder, Davi fez no deserto da adversidade o que não conseguimos fazer nos oásis igrejeiros: “Davi fez de homens perdedores, campeões; de amargurados em cheios de graça; de endividados em pedras preciosas; de espírito abatidos em Valentes de Deus”.
• Davi era matador de gigantes, por sua vez exigia que seus liderados também fizessem o mesmo. (I Sm 21). Abisai, Sibecai, El-Hanã, Jônatas, todos estes mataram gigantes nas guerras pelo Rei e pelo Reino.
• Davi sabia compartilhar com os seus liderados as glorias recebidas em batalha. (I Cro 27). Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel; e Davi fazia direito e justiça a todo o seu povo. II Samuel 8:15
• Quando Golias desafiou o exército de Israel, ele estava batalhando em nome dos seus deuses. Logo, se Golias vencesse, seria considerada a vitória dos deuses dos filisteus sobre o Deus de Israel... Entretanto, pelo que parece, ninguém entendeu desta forma... O povo de Israel estava ofendido e magoado, cada um pensando em si e no seu justo espírito nacionalista, entendendo que Golias estava simplesmente afrontando ao povo...Davi foi o único que enfocou teologicamente o problema, quem percebeu a gravidade dos fatos: Golias havia afrontado não a um exército comum, mas ao exército do Deus vivo.
• Davi, o menino pastor, estava dando seus primeiros passos na liderança espiritual, mas já sabia que o seu povo era guiado e protegido por Deus; era o povo da Aliança. Davi não olhava os fatos como se ocorressem por um mero e insensível acaso...Ele tinha consciência de que Deus levantava homens... E, se assim o é, já que não surgia ninguém, porque não ele?
• Deus sempre levantou homens: Moisés, Josué, Jefté, Débora, Baraque, Gideão, Sansão, Isaías, Jeremias, os apóstolos, Paulo, etc. Os Reformadores: Lutero, Melanchton, Calvino, etc. Estes homem também se depararam com gigantes... Entretanto tiveram consciência de que Deus usa homens... Eles se prontificaram, dizendo: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8)
• Há gigantes à nossa frente? Por certo há muitos: A frieza, a indiferença, a escassez de recursos financeiros, a falta de pessoas comprometidas com a obra; pessoas a serem lideradas, lapidados, moldadas e muitas ainda precisam ser conquistadas para Cristo. Mas... Se Deus levanta homens. Por que não eu?
• Deus age através da História e nós, somos os instrumentos de Deus. Muitas vezes os grandes desafios de Deus começam nas coisas mais simples de nossa vida: Todo o processo de luta de Davi com Golias e a sua vitória começou com a sua simples e justa obediência ao seu pai Jessé, indo levar alimento para os seus irmãos no campo de batalha; lembremo-nos de que Davi já fora ungido rei de Israel...
Um dos primeiros passos para que possamos entender a questão da liderança cristã é adotarmos a perspectiva correta sobre Deus, Sua Palavra e Sua Obra.
• Davi se dispôs a lutar porque entendeu que Golias havia ofendido a Deus e isso ele não poderia tolerar... Davi tinha zelo por Deus e pelos ungidos de Deus, por isso nunca levantou-se contra o rei Saul.. Davi esperou pela providencia de Deus para ascender ao trono de Israel e com muito resignação e paciência, deixou Deus ser Deus em sua vida... Os valentes de Davi outrora eram covardes, tímidos, espiritualmente fracos, mas como muita sabedoria, graça, unção e dedicação, Davi investiu todos os seus recursos nestes “desqualificados” aos olhos humanos, pois Davi tinha experiência pessoal de que Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 28 E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; 29 Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 1 Co 1:27-29 .
• Deus no seu processo revelador e salvador sempre se valeu de homens e mulheres. Há muitas coisas a serem feitas na Seara do Senhor; então, por que não podem ser realizadas através de mim?
• Devemos ser obedientes a Deus, fazendo o que nos compete, usando dos recursos que Ele mesmo nos forneceu em nossa caminhada. Deus sempre conduz o Seu povo em triunfo, mesmo em meios aos mais escaldantes desertos da vida.
Que Deus abençoe Sua Igreja.
Tomando Decisões
Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões. Fazemos escolhas, optamos, resolvemos e determinamos aquilo que tem a ver com nossa vida individual; a vida da empresa, da igreja, a vida da nossa família... Enfim, a vida de nossos semelhantes.
Ninguém faz isso no vácuo. Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções ou pré-convicções. Hoje, sabe-se que nem mesmo na área das chamadas “ciências exatas” é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados pelo que somos, cremos, desejamos, objetivamos e vivemos.
As decisões que tomamos são invariavelmente influenciadas pelo horizonte do nosso próprio mundo individual e social. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado. É isso que chamamos de ética.
A nossa palavra "ética" vem do grego eqikh, que significa um hábito, costume ou rito. Com o tempo, passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta humana, as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros de uma sociedade.
Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.
Alternativas Éticas
Cada um de nós tem uma ética. Cada um de nós, por mais influenciado que seja pelo relativismo e pelo pluralismo de nossos dias, tem um sistema de valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciando decisivamente nossas opções.
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental. As principais são: humanística, natural e religiosa.
Éticas Humanísticas
As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como a medida de todas as coisas, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador sofista Protágoras (485-410 AC). Ou seja, são aquelas éticas que favorecem escolhas e decisões voltadas para o homem como seu valor maior.
Hedonismo
Uma forma de ética humanística é o hedonismo. Esse sistema ensina que o certo é aquilo que é agradável. A palavra "hedonismo" vem do grego |hdonh, "prazer". Como movimento filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus discípulos, cuja máxima famosa era "comamos e bebamos porque amanhã morreremos". O epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais, que para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar acima de tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade. Os hedonistas mais radicais chegavam a ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o que dá prazer ao próximo.
Como conseqüência de sua ética, os hedonistas se abstinham da vida política e pública, preferiam ficar solteiros, censurando o casamento e a família como obstáculos ao bem maior, que é o prazer individual. Alguns chegavam a defender o suicídio, visto que a morte natural era dolorosa.
Como movimento filosófico, o hedonismo passou, mas certamente a sua doutrina central permanece em nossos dias. Somos todos hedonistas por natureza. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. A ética natural do homem é o hedonismo. Instintivamente, ele toma decisões e faz escolhas tendo como princípio controlador buscar aquilo que lhe dará maior prazer e felicidade. O individualismo exacerbado e o materialismo moderno são formas atuais de hedonismo.
Muito embora o cristianismo reconheça a legitimidade da busca do prazer e da felicidade individuais, considera a ética hedonista essencialmente egoísta, pois coloca tais coisas como o princípio maior e fundamental da existência humana.
Utilitarismo
Outro exemplo de ética humanística é o utilitarismo, sistema ético que tem como valor máximo o que considera o bem maior para o maior número de pessoas. Em outras palavras, "o certo é o que for útil". As decisões são julgadas, não em termos das motivações ou princípios morais envolvidos, mas dos resultados que produzem. Se uma escolha produz felicidade para as pessoas, então é correta. Os principais proponentes da ética utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John Stuart Mill.
A ética utilitarista pode parecer estar alinhada com o ensino cristão de buscarmos o bem das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo deve sacrificar seu prazer pelo da coletividade (ao contrário do hedonismo). Entretanto, é perigosamente relativista: quem vai determinar o que é o bem da maioria? Os nazistas dizimaram milhões de judeus em nome do bem da humanidade. Antes deles, já era popular o adágio "o fim justifica os meios". O perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num pragmatismo frio e impessoal: decisões certas são aquelas que produzem soluções, resultados e números.
Pessoas influenciadas pelo utilitarismo escolherão soluções simplesmente porque elas funcionam, sem indagar se são corretas ou não. Utilitaristas enfatizam o método em detrimento do conteúdo. Eles querem saber “como” e não “por quê?”.
Talvez um bom exemplo moderno seja o escândalo sexual Clinton/Lewinski. Numa sociedade bastante marcada pelo utilitarismo, como é a americana, é compreensível que as pessoas se dividam quanto a um impeachment do presidente Clinton, visto que sua administração tem produzido excelentes resultados financeiros para o país.
Existencialismo
Ainda podemos mencionar o existencialismo, como exemplo de ética humanística. Defendido em diferentes formas por pensadores como Kierkegaard, Jaspers, Heiddeger, Sartre e Simone de Beauvoir, o existencialismo é basicamente pessimista. Existencialistas são céticos quanto a um futuro róseo ou bom para a humanidade; são também relativistas, acreditando que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos. Para eles, o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte.
Sartre, um dos mais famosos existencialistas, disse: "O mundo é absurdo e ridículo. Tentamos nos autenticar por um ato da vontade em qualquer direção". Pessoas influenciadas pelo existencialismo tentarão viver a vida com toda intensidade, e tomarão decisões que levem a esse desiderato. Aldous Huxley, por exemplo, defendeu o uso de drogas, já que as mesmas produziam experiências acima da percepção normal. Da mesma forma, pode-se defender o homossexualismo e o adultério.
O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna. Sua influencia percebe-se em todo lugar. A sociedade atual tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual. Por exemplo, um homem que não é feliz em seu casamento e tem um romance com outra mulher com quem se sente bem, geralmente recebe a compreensão e a tolerância da sociedade.
Ética Naturalística
Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é errado e mau.
Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista, contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente, Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley.
A ética naturalística tem alguns pressupostos acerca do homem e da natureza baseados na teoria da evolução: (1) a natureza e o homem são produtos da evolução; (2) a seleção natural é boa e certa. Nietzsche considerava como virtudes reais a severidade, o egoísmo e a agressividade; vícios seriam o amor, a humildade e a piedade.
Pode-se perceber a influência da ética naturalística claramente na sociedade moderna. A tendência de legitimar a eliminação dos menos aptos se observa nas tentativas de legalizar o aborto e a eutanásia em quaisquer circunstâncias. Os nazistas eliminaram doentes mentais e esterilizaram os "inaptos" biologicamente. Sade defendia a exploração dos mais fracos (mulheres, em especial). Nazistas defenderam o conceito da raça branca germânica como uma raça dominadora, justificando assim a eliminação dos judeus e de outros grupos. Ainda hoje encontramos pichações feitas por neo-nazistas nos muros de São Paulo contra negros, nordestinos e pobres. Conscientemente ou não, pessoas assim seguem a ética naturalística da sobrevivência dos mais aptos e da destruição dos mais fracos.
Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser legítima, visto que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente desvirtuados como resultado do afastamento da humanidade do seu Criador. A natureza como a temos hoje se afasta do estado original em que foi criada. Não pode servir como um sistema de valores para a conduta dos homens.
Éticas Religiosas
São aqueles sistemas de valores que procuram na divindade (Deus ou deuses) o motivo maior de suas ações e decisões. Nesses sistemas existe uma relação inseparável entre ética e religião. O juiz maior das questões éticas é o que a divindade diz sobre o assunto. Evidentemente, o conceito de Deus que cada um desse sistema mantém, acabará por influenciar decisivamente o código ético e o comportamento a ser seguido.
Éticas Religiosas Não Cristãs
No mundo grego antigo os deuses foram concebidos (especialmente nas obras de Homero) como similares aos homens, com paixões e desejos bem humanos e sem muitos padrões morais (muito embora essa concepção tenha recebido muitas críticas de filósofos importantes da época). Além de dominarem forças da natureza, o que tornava os deuses distintos dos homens é que esses últimos eram mortais. Não é de admirar que a religião grega clássica não impunha demandas e restrições ao comportamento de seus adeptos, a não ser por grupos ascéticos que seguiam severas dietas religiosas buscando a purificação.
O conceito hindú de não matar as vacas vem de uma crença do período védico que associa as mesmas a algumas divindades do hinduísmo, especialmente Krishna. O culto a esse deus tem elementos pastoris e rurais.
O que pensamos acerca de Deus irá certamente influenciar nosso sistema interno de valores bem como o processo decisório que enfrentamos todos os dias. Isso vale também para ateus e agnósticos. O seu sistema de valores já parte do pressuposto de que Deus não existe. E esse pressuposto inevitavelmente irá influenciar suas decisões e seu sistema de valores.
É muito comum na sociedade moderna o conceito de que Deus (ou deuses?) seja uma espécie de divindade benevolente que contempla com paciência e tolerância os afazeres humanos sem muita interferência, a não ser para ajudar os necessitados, especialmente seus protegidos e devotos. Essa concepção de Deus não exige mais do que simplesmente um vago código de ética, geralmente baseado no que cada um acha que é certo ou errado diante desse Deus.
A Ética Cristã
Á ética cristã é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus preceitos.
Como as demais éticas já mencionadas acima, a ética cristã opera a partir de diversos pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas Escrituras Sagradas pelo único Deus verdadeiro. São estes:
1. A existência de um único Deus verdadeiro, criador dos céus e da terra. A ética cristã parte do conceito de que o Deus que se revela nas Escrituras Sagradas é o único Deus verdadeiro e que, sendo o criador do mundo e da humanidade, deve ser reconhecido e crido como tal e a sua vontade respeitada e obedecida.
2. A humanidade está num estado decaído, diferente daquele em que foi criada. A ética cristã leva em conta, na sistematização e sintetização dos deveres morais e práticos das pessoas, que as mesmas são incapazes por si próprias de reconhecer a vontade de Deus e muito menos de obedecê-la. Isso se deve ao fato de que a humanidade vive hoje em estado de afastamento de Deus, provocado inicialmente pela desobediência do primeiro casal. A ética cristã não tem ilusões utópicas acerca da "bondade inerente" de cada pessoa ou da intuição moral positiva de cada uma para decidir por si própria o que é certo e o que é errado. Cegada pelo pecado, a humanidade caminha sem rumo moral, cada um fazendo o que bem parece aos seus olhos. As normas propostas pela ética cristã pressupõem a regeneração espiritual do homem e a assistência do Espírito Santo, para que o mesmo venha a conduzir-se eticamente diante do Criador.
3. O homem não é moralmente neutro, mas inclinado a tomar decisões contrárias a Deus, ao próximo. Esse pressuposto é uma implicação inevitável do anterior. As pessoas, no estado natural em que se encontram (em contraste ao estado de regeneração) são movidas intuitivamente, acima de tudo, pela cobiça e pelo egoísmo, seguindo muito naturalmente (e inconscientemente) sistemas de valores descritos acima como humanísticos ou naturalísticos. Por si sós, as pessoas são incapazes de seguir até mesmo os padrões que escolhem para si, violando diariamente os próprios princípios de conduta que consideram corretos.
4. Deus revelou-se à humanidade. Essa pressuposição é fundamental para a ética cristã, pois é dessa revelação que ela tira seus conceitos acerca do mundo, da humanidade e especialmente do que é certo e do que é errado. A ética cristã reconhece que Deus se revela como Criador através da sua imagem em nós. Cada pessoa traz, como criatura de Deus, resquícios dessa imagem, agora deformada pelo egoísmo e desejos de autonomia e independência de Deus. A consciência das pessoas, embora freqüentemente ignorada e suprimida, reflete por vezes lampejos dos valores divinos. Deus também se revela através das coisas criadas. O mundo que nos cerca é um testemunho vivo da divindade, poder e sabedoria de Deus, muito mais do que o resultado de milhões de anos de evolução cega. Entretanto é através de sua revelação especial nas Escrituras que Deus nos faz saber acerca de si próprio, de nós mesmos (pois é nosso Criador), do mundo que nos cerca, dos seus planos a nosso respeito e da maneira como deveríamos nos portar no mundo que criou.
Assim, muito embora a ética cristã se utilize do bom senso comum às pessoas, depende primariamente das Escrituras na elaboração dos padrões morais e espirituais que devem reger nossa conduta neste mundo. Ela considera que a Bíblia traz todo o conhecimento de que precisamos para servir a Deus de forma agradável e para vivermos alegres e satisfeitos no mundo presente. Mesmo não sendo uma revelação exaustiva de Deus e do reino celestial, a Escritura, entretanto, é suficiente naquilo que nos informa a esse respeito. Evidentemente não encontraremos nas Escrituras indicações diretas sobre problemas tipicamente modernos como a eutanásia, a AIDS, clonagem de seres humanos ou questões relacionadas com a bioética. Entretanto, ali encontraremos os princípios teóricos que regem diferentes áreas da vida humana. É na interação com esses princípios e com os problemas de cada geração, que a ética cristã atualiza-se e contextualiza-se, sem jamais abandonar os valores permanentes e transcendentes revelados nas Escrituras.
É precisamente por basear-se na revelação que o Criador nos deu que a ética cristã estende-se a todas as dimensões da realidade. Ela pronuncia-se sobre questões individuais, religiosas, sociais, políticas, ecológicas e econômicas. Desde que Deus exerce sua autoridade sobre todas as dimensões da existência humana, suas demandas nos alcançam onde nos acharmos – inclusive e principalmente no ambiente de trabalho, onde exercemos o mandato divino de explorarmos o mundo criado e ganharmos o nosso pão.
É nas Escrituras Sagradas, portanto, que encontramos o padrão moral revelado por Deus. Os Dez Mandamentos e o Sermão do Monte proferido por Jesus são os exemplos mais conhecidos. Entretanto, mais do que simplesmente um livro de regras morais, as Escrituras são para os cristãos a revelação do que Deus fez para que o homem pudesse vir a conhecê-lo, amá-lo e alegremente obedecê-lo. A mensagem das Escrituras é fundamentalmente de reconciliação com Deus mediante Jesus Cristo. A ética cristã fundamenta-se na obra realizada de Cristo e é uma expressão de gratidão, muito mais do que um esforço para merecer as benesses divinas.
A ética cristã, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta neste mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais os homens poderão chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são à vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas.
Por: Rev. Augustus Nicodemus Lopes
Liderança cristã:
Lições Baseadas na vida de Davi.
*Pastor George Emanuel
• Introdução:
Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele. Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens. (I Sm 22: 1-3)
Davi retorna ao território de Judá, mas não muito distante da fronteira de Israel com a Filistia. Ele se esconde de Saul na caverna de Adulão. A localização de Adulão não é exata, mas parece ter se sido há algumas milhas a leste de Gate, na direção de Belém e Jerusalém. Parece que Davi encontrou um esconderijo isolado e seguro, longe o suficiente de Gate e não muito perto de Saul. (Adulão será o Q.G. da Davi).
Davi parece estar sozinho, até agora. Mas, quando se esconde na caverna de Adulão, uma porção de gente começa a chegar esperando juntar-se a ele. Os primeiros a ouvir sobre seus parentes, que se unem a ele na caverna. Eles devem sentir que, uma vez que Davi é visto como inimigo de Saul, eles também não estão seguros. Penso eu, ser a melhor posição teológica, com base no destino dos sacerdotes (ver I Sm 22). Outros os seguem, aqueles que estão em perigo, em dívida, ou não são a favor de Saul. Eles vêm a Davi como seu novo líder. Aqueles que se juntam a Davi durante sua estadia na caverna chegam aproximadamente a 400 homens.
1. Como líder, Davi nunca menosprezou aqueles que o Senhor lhe enviava.
Davi atraia estes homens sem procurá-los. ( II Sm 22:1-3).
2. Como líder, Davi tinha a habilidade necessária para treinar homens que não possuíam nenhuma capacidade. Transformado estes homens na Elite Militar da sua época. Um verdadeiro exército de Deus.
• De covardes, Davi os fez valentes e poderosos (II Sm 23:8).
• De aflitos, Davi os fez soldados valorosos. Um Exercito de Deus (I Cro 12:22).
• De endividados, Davi os fez mais valiosos do que ouro. O menor valia por 10 homens e o maior por 1ooo. (I Cro 12: 14).
3. Como líder, Davi não tinha medo ou receio de colocar ao seu lado homens que teriam seus potenciais maximizados no decorrer do treinamento. Muitos destes Valentes seriam melhores do que Davi na arte da guerra. (I Sm 23:8-17).
• Josebe matou 800 com uma lança.
• Eleazar com sua mão pegada à espada atacou os filisteus e os feriu.
• Samá defendeu seu campo de lentilhas, efetuando grande combate.
4. Como líder, Davi tinha admiração e respeito pela vida e serviço fiel dos seus liderados. (II Sm 23:17).
• Os valentes ouvem o suspiro por água do seu líder e agem imediatamente em missão.
• Não era uma ordem de Davi, nem um pedido, era apenas um desejo pela água da fonte de Belém. Todavia, estes homens romperam as barreiras e obstáculos por causa do desejo de servir ao ungido do Senhor.
5. Seus liderados o amavam, respeitavam, obedeciam e lhe devotavam total admiração.
A lealdade destes homens não era interesseira, não estavam atrás de promoção, nem eram bajuladores ou hipócritas.
Davi nunca procurou a fidelidade destes homens.
Todavia extraiu deles lealdade e serviço por meio da sua devoção para com eles.
Davi publicamente honrou o sacrifício dos valentes presenteando a Deus com a água que eles trouxeram em oferta a Davi.
Será que em nossos dias ainda existem homens valentes, a ponto de arriscarem suas vidas, rompendo limites e obstáculos em favor do seu líder.
Será que ainda existem homens como Davi (devotado aos seus liderados). Homens cuja sua atitude de amor, zelo e admiração pelos seus liderados falam mais alto que suas palavras.
6. Como líder, Davi era a inspiração de seus liderados. Ele era alguém que resplandecia a luz do Senhor. Ele era a lâmpada de Israel (II Sm 21:17).
• Davi já estava velho. Seus pais já descansam no sepulcro. A vida estava passando e os anos se abreviaram. Davi já não é mais o garoto que matava leões e ursos que ameaçavam rebanhos.
• Também não é mais o jovem destemido que, com uma funda e cinco pedrinhas, derrubara o gigante Golias.
• Mas ainda acha que pode guerrear, é verdade. Acaba de enfrentar outro gigante, Isbi-Benobe, mas quase morre desta vez, não fosse pela intervenção de Abisai. Por isso, seus próprios soldados lhe aconselharam: Por favor, rei, fica em casa, para que “não apagues a lâmpada de Israel”. Como a luz flui da lâmpada, o calor do fogo, e os pensamentos da mente, assim Davi era o símbolo da Providencia e Promessas de Deus para Israel. Nesta altura dos acontecimentos Davi compõe um cântico a Deus, que corresponde ao Salmo 18, e que expressa agradecimentos por livrá-lo “da palma da mão de todos os seus inimigos e da palma de Saul”.
• Suas responsabilidade como líder da nação no Salmo 18 inicia com a sua declaração de amor a Deus; e como líder Davi expressa seu amor: obedecendo a Deus... 1) em justiça de vida (20,24); 2) em pureza diante de Deus (20,24); 3) Guardando os caminhos do Senhor que é perfeito (21,30); 4) Não se apartando de Deus (21); 5) Ter diante de si a Palavra de Deus que é provada (22,30); 6) Sendo íntegro e se guardando da iniqüidade (23); 7) Sendo sempre agradecido (46); 8) Bendizendo e engrandecendo a Deus (46); 9) Glorificá-Lo publicamente (49); 10) Cantar louvores ao Seu nome (3,49); 11) Testemunho sua gloria e majestade (49).
• Saber que podemos contar com a ajuda de Deus e de nossos liderados nos momentos mais difíceis da nossa é um grande alento e mui agradável balsamo para a alma dos pastores, que por vezes, estão exaustos e afadigados do combate cristão.
7. Como líder, Davi sabia que o ministério exige a excelência daqueles que são vocacionados. E que passar pelos desertos das provações lapidaria seu caráter e forjaria sua alma no fogo do Espírito do Senhor. (I Sm 23-24). Davi passa a ter consciência do sagrado.
Todos aqueles que desejam ter um profundo relacionamento com Deus passam pelo deserto, devem se refugia em Adulão. (Moises, Elias, Paulo e nosso Senhor Jesus passaram pelos desertos. O deserto faz parte da pedagogia e mistagogia de Deus).
Davi não escolheu o deserto, mas foi forçado a se refugiar dos ataques de Saul na região do Neguebe por aproximadamente 10 anos de sua vida.
Davi recebeu o seu Ph.D em ministério depois de passar pelas faculdades do deserto de Zife; de Maom; Em-Gedi e Parã.
Os anos de provações no deserto levaram Davi a ter uma percepção mais clara do sagrado e do profano, da santidade e da impureza, da beleza e do desespero, da obediência e do pecado; Davi foi capaz de ver a gloria de Deus onde ninguém mais podia ver, isto é, na vida de Saul, o ungido de Deus. (I Sm 24:10). O deserto nos torna mais humano e menos anjo.
Adulão significado refugio. Foi no deserto que Davi escondeu-se de Saul numa caverna em Adulão (1Sm 22:1; 2Sm 23:13; 1Cr 11:15). Adulão é lugar de sair da superficialidade e buscar profundidade insondável.
Na caverna de Adulão, existem lugares profundos ainda não sondados, lugares onde não se conseguia medir a profundidade.
Mas Davi conhecia em profundidade ao Senhor, ele conhecia o Bom Pastor (Salmo 23) aquele que o havia livrado do Urso e do Leão, aquele que havia entregado o gigante e todos os filisteus em suas mãos. Davi conhecia ao Senhor, e seu conhecimento não era superficial.
Precisamos entrar em Adulão para conhecermos ao Senhor com intimidade. Adulão é lugar de transformar a exaltação em humilhação.
8. Como líder, Davi fez no deserto da adversidade o que não conseguimos fazer nos oásis igrejeiros: “Davi fez de homens perdedores, campeões; de amargurados em cheios de graça; de endividados em pedras preciosas; de espírito abatidos em Valentes de Deus”.
Davi era matador de gigantes, por sua vez exigia que seus liderados também fizessem o mesmo. (I Sm 21). Abisai, Sibecai, El-Hanã, Jônatas, todos estes mataram gigantes nas guerras pelo Rei e pelo Reino.
Davi sabia compartilhar com os seus liderados as glorias recebidas em batalha. (I Cro 27). Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel; e Davi fazia direito e justiça a todo o seu povo. II Samuel 8:15
Quando Golias desafiou o exército de Israel, ele estava batalhando em nome dos seus deuses. Logo, se Golias vencesse, seria considerada a vitória dos deuses dos filisteus sobre o Deus de Israel... Entretanto, pelo que parece, ninguém entendeu desta forma... O povo de Israel estava ofendido e magoado, cada um pensando em si e no seu justo espírito nacionalista, entendendo que Golias estava simplesmente afrontando ao povo...Davi foi o único que enfocou teologicamente o problema, quem percebeu a gravidade dos fatos: Golias havia afrontado não a um exército comum, mas ao exército do Deus vivo.
Davi, o menino pastor, estava dando seus primeiros passos na liderança espiritual, mas já sabia que o seu povo era guiado e protegido por Deus; era o povo da Aliança. Davi não olhava os fatos como se ocorressem por um mero e insensível acaso...Ele tinha consciência de que Deus levantava homens... E, se assim o é, já que não surgia ninguém, porque não ele?
Deus sempre levantou homens: Moisés, Josué, Jefté, Débora, Baraque, Gideão, Sansão, Isaías, Jeremias, os apóstolos, Paulo, etc. Os Reformadores: Lutero, Melanchton, Calvino, etc. Estes homem também se depararam com gigantes... Entretanto tiveram consciência de que Deus usa homens... Eles se prontificaram, dizendo: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8)
Há gigantes à nossa frente? Por certo há muitos: A frieza, a indiferença, a escassez de recursos financeiros, a falta de pessoas comprometidas com a obra; pessoas a serem lideradas, lapidados, moldadas e muitas ainda precisam ser conquistadas para Cristo. Mas... Se Deus levanta homens. Por que não eu?
Deus age através da História e nós, somos os instrumentos de Deus. Muitas vezes os grandes desafios de Deus começam nas coisas mais simples de nossa vida: Todo o processo de luta de Davi com Golias e a sua vitória começou com a sua simples e justa obediência ao seu pai Jessé, indo levar alimento para os seus irmãos no campo de batalha; lembremo-nos de que Davi já fora ungido rei de Israel...
Um dos primeiros passos para que possamos entender a questão da liderança cristã é adotarmos a perspectiva correta sobre Deus, Sua Palavra e Sua Obra.
• Davi se dispôs a lutar porque entendeu que Golias havia ofendido a Deus e isso ele não poderia tolerar... Davi tinha zelo por Deus e pelos ungidos de Deus, por isso nunca levantou-se contra o rei Saul.. Davi esperou pela providencia de Deus para ascender ao trono de Israel e com muito resignação e paciência, deixou Deus ser Deus em sua vida... Os valentes de Davi outrora eram covardes, tímidos, espiritualmente fracos, mas como muita sabedoria, graça, unção e dedicação, Davi investiu todos os seus recursos nestes “desqualificados” aos olhos humanos, pois Davi tinha experiência pessoal de que Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 28 E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; 29 Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 1 Co 1:27-29 .
• Deus no seu processo revelador e salvador sempre se valeu de homens e mulheres. Há muitas coisas a serem feitas na Seara do Senhor; então, por que não podem ser realizadas através de mim?
• Devemos ser obedientes a Deus, fazendo o que nos compete, usando dos recursos que Ele mesmo nos forneceu em nossa caminhada. Deus sempre conduz o Seu povo em triunfo, mesmo em meios aos mais escaldantes desertos da vida.
Que Deus abençoe Sua Igreja.
Liderança cristã
“A mocidade necessita mais do que uma atenção casual, mais do que uma ocasional palavra de animação. Precisa de uma obra acurada, cuidadosa, secundada pela oração. Unicamente a pessoa cujo coração se acha cheio de amor e simpatia, será capaz de conquistar esses jovens aparentemente descuidosos e indiferentes” Obreiros Evangélicos, pág. 208.
Líder-Servo. O líder ideal é aquele que, primeiramente, é considerado por seus liderados como o maior dos servos. Os seguidores, de bom grado, concedem, a esses líderes a autoridade para liderá-los, porque vêem nele alguém altruísta e voltado para os demais. O líder-servo apresenta algumas características claras:
- Enfatiza a transformação das pessoas. Como líder,
sua tarefa é levar as pessoas a buscarem uma transformação e não apenas formular e impor leis.
- Realiza uma mudança de cada vez. Conduzir as pessoas é mais importante do que realizar programas.
- Desenvolve dinâmicas de grupo positivas. As pessoas crescem na comunidade. Somos criaturas gregárias. O líder-servo percebe que as pessoas são seu único e maior bem na igreja, e executa suas tarefas fortalecido pelo Espírito Santo.
- Usa o poder do amor para transmitir novos valores. Quando o líder induz seu pessoal a buscar novos valores, leva-os a desejar uma mudança de vida. Fazendo isto, o crescimento continua, mesmo depois de sua partida.
- Desenvolve a franqueza em sua equipe. Não estamos sugerindo uma nudez psicológica, a exposição do mais íntimo do ser mas um partilhar saudável de suas verdadeiras características.
- Delega responsabilidades. “Preciso de você”. Estas estão entre as palavras mais poderosas nos relacionamentos interpessoais. O ser humano tem necessidade de se sentir útil. Quando ele se isola de relacionamentos significativos, enfraquece-se e definha.
- Estabelece um padrão elevado para a equipe. Ao estabelecer elevados padrões pessoais e corporativos, o líder demonstra fé na capacidade de sua equipe. Isto produz satisfação e motiva os membros do grupo a alcançarem seu potencial.
- É liberal nos elogios. “Posso viver por dois meses com um bom elogio”, disse Mark Twain. O bom líder busca as boas qualidades nos membros de sua equipe e manifesta apreciação. Isto os estimula a seguirem seu líder e a buscarem fazer o seu melhor.
- Centraliza-se nas necessidades e objetivos das pessoas. Jesus identificou-se com as pessoas, ajudou-as em suas necessidades e conquistou sua confiança. Ao fazer isto, certificou-Se de que responderiam ao Seu chamado. Ele sabia que cada pessoa é única, e que suas necessidades variam.
- Cria um espírito de equipe. O líder precisa passar tempo com seus liderados. Esse tempo pode ser passado em recreações planejadas, em avaliações, em “junta panelas”, e em outras formas de companheirismo. Se o líder quiser alcançar este ideal, o eu deve sair de cena, deixando o espaço para Cristo. Assim procedendo, ele se transformará num líder-servo.
Liderando
A influência é atributo essencial de um líder, e seus resultados serão vistos não apenas agora, mas por toda a eternidade. Influenciar é mais do que dar orientações. É viver para ajudar outros a terem uma compreensão e um conhecimento melhor de Cristo.
O líder cristão assume um papel de servo, como é demonstrado na vida e no ministério de Cristo. Eis alguns dos princípios básicos de liderança cristã:
- Dar início às coisas e fazer com que tenham êxito;
- Encontrar soluções para os problemas;
- Mostrar o caminho;
- Dirigir e usar todos os talentos e recursos do grupo de jovens, de forma que todos possam participar.
- Saber delegar responsabilidades e autoridade, mas reconhecer que mesmo quando alguma coisa sai errada, o líder é o responsável pelas conseqüências. Um bom líder não pretende ter todas as respostas e está disposto a pedir conselhos e sugestões.
Por que é necessário um líder?
1 - Porque nenhuma organização pode sobreviver sem direção.
2 - Porque o corpo sem cabeça somente pode ser admitido como desgraça ou aberração.
3 - Porque a sociedade humana considera o líder como valor primário e básico.
O dicionário define líder como aquele que: comanda uma organização; conduz um homem. No entanto, liderar é mais do que isso. Liderar é exercer uma influência que inspira e leva os homens a agir, conseguindo deles: o máximo de cooperação; o mínimo de oposição.
A liderança de Jesus foi assim. Uma influência que transformou um grupo de rudes pescadores em pilares do cristianismo. E embora perfeito, Jesus conseguiu o máximo de cooperação: 11 discípulos fiéis e o mínimo de oposição: Judas.
Por isso, não se preocupe se nem todos os jovens da igreja colaboram. Você pode se sentir bastante feliz se conseguir a cooperação da maioria. Toda liderança, por melhor que seja, enfrenta um mínimo de oposição.
Dicas para um líder
Procure conhecer o nome de todos os jovens do grupo. Você jamais os alcançará sem conhecer seus nomes. Evite disciplinar os jovens diante dos outros. E melhor tratar dos problemas de disciplina em particular.
Quando dirigir uma discussão com os jovens,
não faça comentários positivos ou negativos quando eles derem suas opiniões. Mantenha a neutralidade tanto quanto for possível. Isso os animará a serem honestos e abertos à discussão.
Aprenda a ser um ouvinte, a não dar opinião em tudo, limitando-se a escutar. Assim você será de maior e melhor ajuda. Compre uma agenda onde possa planejar as atividades com um ano de antecedência. Se você não sabe onde vai, provavelmente não chegará a lugar nenhum. Não se comporte como mais um dos jovens. Se você é adulto, comporte-se como tal. Seja um adulto que ama os jovens.
Dimensões nas ações de um líder
Há várias características e fatores na atuação do líder que, além de serem peculiares à sua função, reforçam e sustentam a sua imagem junto ao grupo. Estes são alguns:
Dedicação Altruísta - Ele valoriza os objetivos que deseja alcançar e está pronto a pagar o preço para conseguí-los.
Coragem - Porque crê que os objetivos serão alcançados, o líder mantém o mesmo ânimo, mesmo em circunstâncias adversas. Não cede aos derrotistas.
Determinação - O líder toma decisões no momento em que outros vacilam. Tomada uma decisão, luta por seus objetivos.
Persuasão - Porque um líder apóia os objetivos da organização, inspira, motiva e persuade a seus colaboradores a que se dediquem também aos assuntos assumidos.
Humildade - Todos os grandes homens são humildes. Existe um consenso universal sobre esta qualidade. Sabem admitir seus erros e estão dispostos a aprender de outros.
Competência - Esta é uma qualidade incondicional. O líder exige de si mesmo elevados padrões de desempenho pessoal e vela por sua eficiência profissional.
Iniciativa - É a freqüência com que o líder inicia, facilita ou resiste a novas idéias ou práticas.
Camaradagem - E quando o líder se mistura com o grupo, acentua a interação formal entre ele e os jovens ou se põe no lugar deles para realizar tarefas pessoais.
Representação - Número de vezes em que o líder defende seu grupo de ataques, antecipa interesses e atua em favor deles.
Integração - Número de vezes em que o líder subordina o comportamento individual, promove uma atmosfera agradável no grupo, reduz conflitos entre os membros ou estimula o ajuste individual ao grupo.
Organização - Freqüência com que o líder define ou estrutura seu próprio trabalho, o trabalho de outros membros ou as relações entre os membros na realização de seu trabalho.
Domínio - Número de vezes em que o líder restringe o comportamento inadequado dos indivíduos ou do grupo em ação através de decisões ou expressando sua opinião.
Comunicação - Freqüência com que o líder informa a seu grupo, busca informações entre eles, facilita o intercâmbio de informações ou demonstra conhecer assuntos que pertencem ao grupo.
Reconhecimento - Freqüência com que o líder atua expressando aprovação ou desaprovação ao Comportamento do grupo.
Rendimento - Número de vezes em que o líder estabelece níveis de esforço ou realização.
Psicologia do líder cristão
Liderança Madura - Amadurecimento é ver as diferenças, conhecer as diferenças, e poder viver e trabalhar com pessoas que são diferentes. Os seres humanos não são objetos. Cada um tem sua própria personalidade e não devemos esperar que os outros mudem sua individualidade e sejam transformados à nossa imagem.
Liderança é saber como tratar essas diferentes personalidades no grupo e reuní-las para benefício da organização. O líder inteligente terá o amadurecimento de aceitar as pessoas como são, trabalhar com elas, e ajudá-las a ver e reconhecer a Jesus como o exemplo perfeito. Tal amadurecimento se consegue saindo do próprio mundo e a tratando de compreender os outros - não esperando que os outros se ajustem a seus pontos de vista, mas aceitando e gostando das contribuições que cada membro pode dar ao grupo.
Conhecer os Outros. Os líderes devem conhecer as circunstâncias da vida que fizeram com que as pessoas sejam como são. O refrão “não se pode agradar a todos” não é uma permissão para tratar mal ou ofende aqueles que não pensam nem atuam como nós. Devemos ter mente aberta para aceitar e trabalhar junto com os que nem sempre estão de acordo com nossos pontos de vista.
Os líderes devem se dar conta que não estão trabalhando com pessoas perfeitas, que muitos podem dizer: “seja paciente comigo. Deus ainda não desistiu de mim”, e permitir o desenvolvimento de caráter segundo o modelo, que é Jesus.
Conhecer a si mesmo
O conhecimento de si mesmo é a habilidade de saber que estamos crescendo e mudando. A frase “eu sou assim, e ninguém pode me mudar” não deveria formar parte do vocabulário de um líder. Ao contrário, sua oração deve ser: “pela graça de Deus, posso chegar a ser como Ele. Posso crescer. Posso aprender a tratar bem os outros e não ser desviado por suas fraquezas”. Aqueles que podem reconhecer suas próprias debilidades, são fortes.
O que é um Líder?
Quando Deus chama um líder, ele lhe confere a capacidade de realizar tarefas significativas. Os verdadeiros líderes moldam a história de suas organizações. Eles conduzem-nos rumo aos objetivos significativos.
Uma das características básicas de um líder é fazer com que as coisas aconteçam. Ele consegue alcançar objetivos significativos com a participação entusiasta de outras pessoas.
Responsabilidades de um líder cristão
1. O diretor deve dirigir os jovens a Cristo e fortalecê-los na fé. O diretor de jovens tem a responsabilidade de ajudar a juventude a descobrir as ciladas e a ser vitoriosa, pela graça do Senhor.
2. O diretor procura despertar o interesse dos jovens pelas coisas da igreja.
3. Provê oportunidades para que os jovens tenham uma vida plena. E dever do líder JA ensinar um cristianismo alegre; ensinar os jovens a não se envergonharem de suas crenças, e a terem certeza do perdão divino. Deve ensinar-lhes como desfrutar uma boa vida cristã.
Características básicas do líder cristão
Supõe-se que o líder cristão tenha algumas características básicas. Entre elas, o líder deve:
1. Conhecer a Cristo como seu salvador pessoal. O diretor JA deve ser um zeloso estudante da Palavra de Deus e ter uma vida cheia de oração e devoção. Deve cultivar a arte de viver na presença de Cristo. O conhecimento não é algo teórico, mas uma experiência pessoal.
2. Ter compreensão, empatia e amor pelos jovens. Um líder deve se esforçar por compreender os problemas, perspectivas, necessidades, conflitos e aspirações dos jovens e ser capaz de ajudá-los a superar as pressões que encontram no dia-a-dia. A menos que haja genuíno amor no coração, o líder não pode ser um representante de Cristo para os jovens. Quem ama os jovens, demonstra confiança neles, não fala mal deles, gosta de estar onde eles estão. Quando isso acontece, os jovens lhe respondem com amor. O verdadeiro líder é ouvido, obedecido e amado; se alguém é ouvido e obedecido mas não é amado, não é um líder, é um ditador.
3. Ter maturidade espiritual e emocional. A fim de orientar e guiar os jovens da igreja à maturidade cristã, o diretor JA deve ser sensível e equilibrado emocionalmente. Deve ter personalidade agradável, bom humor, esperanças e aspirações corretas, autocontrole, estabilidade, honestidade, bom senso, boa noção de ordem e capacidade de organização.
4. Ter tempo suficiente e capacidade para a tarefa. Seria bom o diretor JA não assumir outras responsabilidades na igreja, para que todo o seu tempo possa ser dedicado ao ministério jovem. Deve estar sempre atualizado em conhecimento e habilidades de liderança, participando de seminários e programas administrativos oferecidos pelo campo local, além de juntar material que lhe permita estar sempre bem informado na área jovem.
5. Ter habilidade de fazer amigos, aconselhar e se comunicar. O líder deve ter a capacidade de ouvir as necessidades dos jovens, e ajudá-los a identificar seus problemas, bem como a encontrar suas próprias soluções baseadas em sólidos princípios cristãos.
6. Ser enérgico. Os jovens têm vigor, vitalidade, energia. Eles querem ver as mesmas qualidades em seus líderes. Nenhum jovem aceita um líder que não tenha espírito de liderança. Eles esperam que o líder saiba dizer “não” quando é necessário dizê-lo.
7. Estar em boas condições fisicas. O líder que pode correr, fazer caminhadas e jogar com os jovens, terá maior influência sobre eles.
8. Ser flexível. O bom líder nunca cairá na rotina; ao invés disso, sempre procurará variedades em todos os aspectos das atividades jovens.
9. Ser otimista. O líder tem dificuldades, mas não vive contando-as aos outros. Não é mau ver obstáculos no caminho, mas é uma catástrofe ver somente obstáculos. O verdadeiro líder é otimista, desafia a juventude, fixa alvos e entusiasma os jovens a alcança-los.
Aspectos que precisam ser satisfeitos pela liderança cristã
1. Companheirismo;
2. Estimulação do ânimo;
3. Senso de participação/envolvimento;
4. Senso de satisfação;
5. Mudança/variação;
6. Religião relevante, de modo que os jovens sejam capazes de:
a) Obter pontos de vista orientados para sua fase, no que se refere às crenças e tradições religiosas;
b) Ver e aceitar a relevância das crenças e tradições religiosas;
c) Compreender a relação entre o cristão e o mundo;
d) Compreender o papel e a real missão da igreja;
e) Defrontar-se com uma representação real do ideal de Deus para a humanidade;
f) Sentir-se desafiados a estabelecer e manter um relacionamento com Cristo, através do Espírito Santo, que traga direção, alegria e genuína paz mental à vida de cada indivíduo.
domingo, 5 de abril de 2009
CARÁTER CRISTÃO: O FRUTO DA ALMA
Quem é você quando ninguém está olhando?
Extraído de um sermão de Joe Bishop
Estamos vivendo nos últimos tempos, quando Jesus poderá vir a qualquer momento. No entanto, se Ele demorar, a Igreja provavelmente enfrentará perseguição mais intensa. Eu acredito que a habilidade de resistir à perseguição gira em torno do que chamamos de “Caráter Cristão”.
Nosso caráter está relacionado com quem somos quando ninguém está olhando. Nossa reputação, por outro lado, diz respeito à nossa conduta como é vista ou percebida por outros. “Boa” conduta sem caráter se torna hipocrisia. Isto foi revelado à igreja em Sardo: “Ao anjo da Igreja que está em Sardo escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto!” (Apocalipse 3:1).
O livro de Apocalipse foi escrito, de certa forma, como uma profecia dos últimos tempos. Também foi dado como uma advertência para a Igreja. Nós, como cristãos, somos a Igreja. Já que Jesus pode vir a qualquer momento, nós temos que prestar atenção às advertências. A mensagem de Deus para os de Sardo era que eles tinham um nome – uma boa reputação – porém estavam mortos. Eles estavam vivendo em hipocrisia. Um bom nome é importante e nós queremos tê-lo. A base da nossa reputação, no entanto, deve ser a de um Caráter Cristão. Isso é o que nos ajudará a resistir a qualquer perseguição que nós tenhamos que enfrentar.
Deus está interessado em quem realmente somos. Algumas vezes nós podemos ser enganados por algumas coisas que parecem boas externamente, mas Deus nunca pode ser enganado. Minha família viveu por um tempo em Woodlake, Califórnia – Estados Unidos. Muitas frutas e hortaliças crescem em abundância nessa área, e algumas vezes nossos vizinhos ou pessoas da igreja nos deixavam uma sacola cheia de frutas e hortaliças em nossa porta. Certa noite, chegamos em casa da igreja e nossas filhas estavam com fome. Alguém havia deixado uma sacola de frutas na nossa porta, então minha esposa disse às crianças que comessem algumas das maçãs que essa pessoa havia trazido. Elas começaram a comer, e enquanto comiam se ouviam sons de desagrado. “Uh! Isto não está bom!” As crianças não podiam nos dizer exatamente o que estava errado com a maçã, mas elas sabiam que não tinha um sabor agradável. Quando examinamos as maçãs mais de perto, percebemos que não eram maçãs, mas eram marmelos! Veja como podemos ser enganados pelas aparências, mas Deus não se engana.
No Antigo Testamento, lemos que o Profeta Samuel foi instruído por Deus para ir à casa de Jessé e ungir um dos seus filhos para que fosse o rei. Quando Samuel conheceu o filho mais velho de Jessé, viu que ele era um jovem vistoso e teve certeza que ele era o ungido do Senhor. O Senhor lhe respondeu, “O homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” Deus sabe o que está dentro, e escolheu ao invés deste, o filho mais jovem.
Nós não podemos produzir frutos espirituais em nossas vidas da mesma forma que o agricultor não pode produzir frutos em suas árvores. Deus é o Único que fez a semente. Ele é o Único que dá crescimento à árvore, o aparecimento de seus ramos e folhagens, a germinação e a formação do fruto. O agricultor não pode fazer isso, ele somente coopera com Deus. O mesmo é verdade espiritualmente.
Em nossa casa gostamos de decorar uma árvore para o Natal. Normalmente não faz nenhuma diferença que tipo de árvore compramos, porque de qualquer modo não a podemos ver – pois tem um montão de coisas penduradas nela! Mas eu nunca vi um abeto produzir luzes elétricas. Eu nunca vi um pinheiro produzir enfeites de vidro em seus ramos. Essas coisas, somos nós quem as pomos nas árvores.
A Biblia nos diz claramente que, como Cristãos, temos que fazer certas coisas. Envolve ação. No entanto, Deus está mais interessado em quem somos do que no que fazemos. Boas obras não nos salvarão. Podemos fazer todas as boas obras das quais já ouvimos, e não serão suficientes. Podemos ser bem zelosos ao contribuir para o fundo missionário. Podemos dar esmola a um mendigo na esquina da rua. Podemos servir na cozinha ajudando a preparar comida para os outros. Mas se ao mesmo tempo estivermos degradando as nossas esposas ou esquecendo de atender nossos filhos, alguma coisa está errada. Caráter é algo que vem do coração. Bom caráter produzirá bom fruto, mas apregoar boas obras quando o coração não está reto é como pendurar ornamentos em uma árvore. Pode parecer ótimo, mas não é real. Nós nunca teremos Deus em nossas vidas por fazer boas obras, mas uma vez que temos Deus em nossas vidas, então haverá boas obras - bom fruto.
Considere virtude – um dos atributos do caráter que devemos possuir. Em 2 Pedro 1:5 nos foi dito, “acrescentai à vossa fé a virtude” Como podemos conseguir virtude? Fazendo algo virtuoso? Talvez tenhamos decidido sermos bem cuidadosos em nos vestirmos modestamente. Nós podemos fazer isso de forma muito virtuosa, entretanto damos meia volta e criticamos, contestamos ou reclamamos. Se este for o caso, então alguma coisa está errada! Não importa o que dizemos, ou as boas obras que fazemos, ou o que as pessoas pensam de nós, se não temos um coração que queira fazer a coisa certa, então há algo errado. Queremos ter o fruto que vem da alma, porque isso é o que vai nos proteger em tempos perigosos. Uma máscara externa não fará nada por nós quando as provas chegarem.
Alguns membros de nossa igreja estão envelhecendo e enfrentando dores, sofrimentos e solidão – circunstâncias que os deixariam desanimados se não tivessem algo real em seus corações. Em vez de reclamar, eles dizem, “Eu ainda tenho ao Senhor!” Algumas vezes doenças aparecem e destroem o corpo ou a mente, mas não podem tirar do coração o que o Senhor tem feito. Isto é Caráter Cristão. Quando tudo mais se vai, nós ainda temos o que está em nossos corações.
Quando nós temos Caráter Cristão, a evidência está em nossa conduta. Quando uma pessoa é salva existem evidências da sua salvação. Se alguém diz, “Eu sou salvo”, mas continua a mentir, roubar e viver imoralmente, é muito claro que não está salvo. Se você é salvo, sua conduta muda como evidência de que alguma coisa mudou dentro – no coração. Nós lemos em 2 Coríntios 5:17, “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” Se não há uma mudança de conduta, então o coração não mudou.
A santificação também é uma experiência definitiva que traz uma diferença em nossas vidas. A palavra de Deus nos ensina que a santificação provê limpeza interior da natureza pecaminosa com a qual todos nascemos. Haverá evidências na sua vida que você foi santificado – purificação no interior que se mostrará na sua vida diária.
Quando você recebe o batismo do Espírito Santo você o saberá, e também os outros. O batismo fará uma diferença em você. Haverá um poder novo em sua vida. O seu relacionamento com Deus se moverá para um novo nível, porque o Consolador estará morando em você. Isso se mostrará!
Traços de bom caráter não são aprendidos em um programa de dez passos ou em livros de auto-ajuda. Eles são mais do que apenas tentar fazer o melhor. Eles vêm através do trabalho de Deus no coração. O que vai nos sustentar em tempos de perseguição e perigo será algo que Deus nos tem dado, não algo que nós temos tentado desenvolver com nossas próprias forças. O segredo se encontra em 2 Pedro 1:3, onde diz que “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude.”
Deus diz, “Sede santos.” Ele não disse para fazermos algo para que aparentássemos santos. Ele diz, “sede” santo. Você não pode fazer a si mesmo santo da mesma forma que não pode salvar-se a si mesmo, mas quando você recebe a santidade de Deus por dentro, sua vida e conduta serão santas e agradáveis à Deus.
Pedro nos instrui no mesmo capítulo, “Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, E à ciência temperança, e à temperança paciência, e à paciência piedade, E à piedade amor fraternal; e ao amor fraternal caridade.” (2 Pedro 1:5-7). Ele não nos disse para fazer alguma coisa virtuosa ou piedosa ou boa. Ele nos instrui a sermos virtuosos, piedosos e bons por dentro. Isso é caráter. Deus nos ajudará a sermos assim se orarmos e pedirmos a Ele.
O livro de 2 Pedro não é o único lugar na Bíblia onde podemos encontrar essas instruções de como ser, ao invés de apenas fazer. Sim, há certas coisas que Deus nos diz para fazer, mas há mais coisas que Ele nos diz para sermos. Em Filipenses 2:15 diz, “sejais irrepreensíveis.” Em Apocalipse 2:10 diz, “Sê fiel.” Em Apocalipse 3:2 diz, “Sê vigilante.”
É seu desejo ser como Deus quer que você seja? A ajuda do Senhor está disponível. Este é um alto padrão, e Deus quer nos ajudar a perseverarmos nesta direção. Nós precisamos desta segurança para os últimos tempos. Nós precisamos se quisermos estar prontos para quando Jesus vier. Nós precisamos se quisermos permanecer verdadeiros e fiéis em tempos de perseguição e perigo.
Seu Caráter Cristão resistirá à prova?
Joe Bishop é ministro da Igreja Fé Apostólica em Woodlake, Califórnia – Estados Unidos
A natureza do caráter cristão - lição 1 - 3 trimestre
O caráter do cristão é quem ele é, de fato, não apenas quando está diante do pastor, ou do seu líder, ou mesmo com um grupo de amigos, mas quando está sozinho, e ninguém está observando-o. É a expressão mais exata da sua pessoa, sem máscaras, sem fingimentos ou aparências: o seu verdadeiro ser interior.
Muitas vezes, estamos preocupados em representar um papel, ou transmitir uma imagem, par a impressionar as pessoas que estão ao nosso redor, para parecer que somos inteligentes, amáveis ou respeitados. Muitos cristãos querem que as pessoas pensem coisas boas a seu respeito e demonstram ser santos, por fora, mas a alma está cheia de engano, mentira e pecado. Foi o que Jesus afirmou sobre os líderes religiosos de sua época: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.37).
Como afirmou um grande homem de Deus:
“Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação é apenas o que os outros pensam que você é.“
(John Wooden).
Alguém já disse, em se tratando de alguém quês está mudando de cidade, reputação é o que diziam quando ele chegou; caráter é o que estão dizendo, agora que ele se vai; ou seja, antes desta pessoa chegar, ninguém lhe conhecia de perto, mas apenas a sua “fama” o precedia. Agora que alguns tiveram a oportunidade de conviver com ele, sabem, de fato, quem ele é.
Um caráter moldado pela Bíblia, portanto, é a maior necessidade de um cristão, principalmente os que lideram, na casa do Senhor. Como disse o general que comandou a operação “Tempestade no Deserto”:
“Liderança é uma combinação de estratégia e caráter. Se você precisa ficar sem um, que seja sem a estratégia.“
Explanação
Como discutimos na semana passada, 2 Timóteo foi escrita para instruir e para encorajar Timóteo quando liderava a igreja de Éfeso. Paulo estava passando a tocha da liderança cristã a seu discípulo.
Na passagem de hoje, o apóstolo mostra para Timóteo quais qualidades e hábitos são necessários se um líder cristão quiser ser bem-sucedido no discipulado. Uma forma de resumi-los é pela discussão da definição do caráter cristão. Qualidades como honestidade, bondade e diligência exemplificam tal caráter. Sem elas, é impossível uma pessoa ser usada efetivamente por Deus. Uma questão crítica para os líderes eclesiásticos é: “Como posso ajudar os membros de minha igreja a desenvolverem um caráter cristão?” Esse é o foco da passagem bíblica de hoje: Paulo direcionou Timóteo a desenvolver o caráter cristão, com a idéia de que ele guiaria outros no mesmo rumo.
Exploração
Uma pessoa recebe automaticamente a natureza cristã no momento em que confessa sua fé em Jesus Cristo. Ela é livre, instantânea e garantida. As Escrituras dizem que o crente é uma nova criatura, porque ganhou uma nova natureza.
O caráter cristão, entretanto, não é instantâneo. Ele é desenvolvido com o tempo, e somente surge quando respondemos apropriadamente às provações e a outras oportunidades que Deus permite acontecerem em nossa vida. Devido ao nosso livre arbítrio na escolha de como responderemos a cada situação, não há garantia de optarmos pela resposta adequada, a qual construirá em nós o caráter cristão. Algumas vezes, selecionamos exatamente o oposto! Respondemos a um acontecimento de tal maneira que, ao invés de nos tornarmos mais parecidos com Jesus, distanciamo-nos ainda mais do seu padrão.
Paulo comunicou a Timóteo a necessidade de uma disposição para ser um obreiro do Senhor. Em 2 Timóteo 2.15, o apóstolo conclamou seu “filho na fé” para apresentar-se a Deus como obreiro aprovado. No verso 21, mostrou como o jovem estaria preparado para fazer qualquer boa obra para Deus.
O Senhor chama os crentes a guardarem a verdade e a comunicá-la a outros; significa que, geralmente, fazer o trabalho de Deus requer trabalhar com pessoas. Assim, Paulo sentiu a necessidade de aconselhar Timóteo sobre como ele e os demais membros da igreja deveriam se comunicar com os outros. No verso 14, por exemplo, convenceu-o a ensinar suas ovelhas a evitarem as contendas sobre palavras. Ele seguiu esse sentimento, declarando, no verso 23 a 26, que os servos de Deus precisam ser capazes de ensinar com mansidão, em lugar de entrarem em discussões acaloradas. (Veja 1 Timóteo 6.3-5 para uma revelação mais completa das preocupações de
Paulo nessa área.) Contender não é uma manifestação do caráter cristão.
Não apenas o método de comunicação era importante, como também seu conteúdo. Nos versos 16, 17 e18, Paulo urgiu Timóteo a evitar os falatórios inúteis e profanos, porque aqueles que habitualmente nisso se empenham afastam-se de Deus. O caráter dessas pessoas fica mais descrente. Exemplificou com a história de dois homens, Himeneu e Fileto, que haviam se desviado da verdade por causa do enfoque não centrado em Deus. Além disso, as idéias que estavam propagando serviram para levar outros a se desviarem da fé em Jesus Cristo.
Uma forma efetiva de resumir a apreensão que devemos ter em relação ao caráter cristão é reconhecer que ele envolve escolhas. Na passagem de hoje, Paulo conclama Timóteo e sua congregação a fazerem boas e efetivas escolhas ao deixarem de lado certas atividades (vs. 16, 20-24) e, em lugar delas, praticar outras (vs. 22, 25-26). Ele também assinalou a principal fonte a ser consultada para se fazer boas escolhas: a Palavra de Deus (v.15).
Encorajamento
Por que Paulo estava tão preocupado com o caráter de Timóteo? Porque sabia que este era um líder em Éfeso; portanto, seu caráter diretamente influenciaria as pessoas daquela congregação.
Quando você olha para sua posição na igreja, quais pessoas percebe serem influenciadas por seu comportamento? Já reparou que seu caráter afetará tanto os membros de sua congregação como os não-cristãos? Conhecendo isso, seria esse um bom momento para você fazer um inventário de seu caráter? Ele poderia ser descrito com certeza como um caráter cristão?
Nos versos 20 e 21, o apóstolo diz que algumas coisas foram feitas para propósitos honrosos e outras, para desonra. Pense em sua vida diária: onde vive, trabalha, estuda, compra, alimenta-se, diverte-se, etc. Numa semana típica, você interage com diferentes ambientes e cada um deles tem diferentes aspectos: alguns para propósitos nobres; outros, para os não tão sublimes. Desses locais, faça uma lista de artigos que deveria ter e, também, do que deveria evitar.
Para Paulo, uma pessoa que se purifica de artigos projetados para propósitos ignóbeis será útil a Deus e estará preparada para fazer qualquer boa obra. Que passos possíveis e práticos você pode tomar para começar a se abster de alguns desses artigos menos nobres que estão disputando sua atenção? Talvez um bom começo fosse pedir o perdão de Deus por se associar a tais coisas.
Além de fugir do que é mau, o apóstolo também orientou Timóteo a procurar o
bem. No verso 22, instruiu-o a seguir a justiça, a fé, o amor e a paz. Olhe sua
lista de coisas nobres presentes em seu dia-a-dia. Quaisquer delas resultam em justiça, em fé, em amor ou em paz? Nesse caso, que passos práticos pode tomar para começar a interagir mais freqüentemente com elas? Talvez possa escolher apenas um desses artigos e fazer algum plano concreto para desenvolvê-lo em seu caráter.
Nós já notamos que o apóstolo apontou a Palavra de Deus como um recurso efetivo para se construir um caráter cristão. Você tem um mecanismo que lhe permite receber uma dose regular da Palavra de Deus? Há algum espaço, em sua rotina, no qual você investe algum tempo só com a Bíblia? Se sua resposta é “não”, então o desafio a fazer todo o possível para mudá-la para “sim”.
Lembre que desenvolver o caráter cristão está relacionado a escolhas. Ninguém pode tomar tais decisões em seu lugar. Só você pode optar por qual direção tomar: a que o levará a ser mais parecido com Cristo, ou a que o afastará dele. Encorajo-o a seguir o caminho que o levará cada vez mais para perto do Senhor. E, uma vez feita a escolha, tome os passos necessários para implementá-la em sua vida. Aqueles que firmemente seguem esse processo serão usados por Deus para abençoarem a vida dos outros.
ephen Neill afirmou diante de líderes aspirantes que, "Os anos entre quarenta e cinqüenta são os mais perigosos na vida de um homem." A razão é, "que esse é o tempo em que nossas fraquezas serão mais facilmente demonstradas...
É muito importante descobrir agora, quando ainda somos jovens, quais são nossas fraquezas íntimas e tratá-las e não permitir que os anos nos desgastem, e então tornarem evidentes nossas fraquezas, justamente na hora em que deveríamos nos tornar líderes e pilares na Igreja" (On the Ministry, Londres, SCM Press, 1952, pp. 34-35).
Mais do que nunca devemos refletir sobre nosso caráter. A queda de um líder não ocorre de um dia para outro, mas, como ovos numa encubadora, os pintainhos devem ser previstos. Somos todos vulneráveis, mas quem se arma contra os inimigos da alma tem chance melhor de vencer que os que não se preveniram.
Adão caiu e juntamente com ele nós todos caímos (Rm 5.12). Esse lapso moral e espiritual de tal forma desfigurou o ser humano que ele vive em contradição consigo mesmo. Nenhuma outra criatura sofreu conseqüências tão devastadoras como o homem. O cão não luta para se dominar, nem aspira melhorar, um gato não cai no vício, nem busca a santificação.
Nós fomos criados para voar no meio das estrelas e rastejamos na lama. Que o homem tem potencial para fazer algum bem não podemos negar; porém, somente o mínimo desse potencial se concretiza em atos de amor.
Observamos um defeito profundo no caráter, uma depravação que contamina todo o seu ser. Paulo lamentava que a conversão não consertou de vez este mal. "Porque eu sei que em mim, isto é na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém o efetuá-lo" (Rm 7.18 ).
Todo cristão sincero almeja alcançar um caráter excelente e ser uma pessoa aprovada diante de Deus e dos homens (2Tm 2.15), mas, os escândalos e decepções provocadas por líderes espirituais, devem criar uma desconfiança em nós mesmos.
O Problema: Um Caráter Mal-Desenvolvido.
Fortes inimigos conspiram contra os cristãos que aspiram por integridade, confiabilidade, honestidade e transparência. As qualidades que Jesus atribuiu aos bem-aventurados se confrontam com forças antagônicas de tal potência que, se não gozarmos de ajuda divina, não se deve esperar a vitória, Desejo refletir sobre falhas de nosso caráter que devemos combater com especial dedicação.
1. A Soberba
O primeiro inimigo, o mais fundamental, deve ser o orgulho que domina o conceito que criamos de nós mesmos e dos outros. O líder brasileiro tem uma propensão grande para a soberba porque facilmente interpreta seu esforço para vencer os muitos obstáculos na vida como digno de algum mérito.
Um curso superior, uma posição de autoridade sobre os outros, facilmente enche o coração de vaidade, especialmente quando se nota que os colegas e amigos não alcançaram nenhuma posição de influência. A soberba se insinua tão sutilmente que persuadimos a nós mesmos que Deus nos deu uma posição de destaque porque somos melhores do que os outros.
Ecoamos no íntimo a oração do fariseu que se auto-congratulava porque, na sua opinião, merecia reconhecimento da parte de Deus e dos homens. Ficou totalmente cego ao olhar para si mesmo. É tremendamente difícil se auto-avaliar e não concluir que somos melhores do que se poderia esperar.
O Brasil não persegue seus líderes espirituais. O pastor, muitas vezes, tem prestígio na sociedade, até comparável a um profissional liberal.
Mas, as Escrituras advertem contra todo auto-prestígio. A primeira carta a Pedro recomenda: "Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça" (1 Pd 5.6 ).
O orgulho é antipático ao caráter íntegro, por duas razões. Pimeiro, o soberbo acha-se incapaz de cair. Não toma providências necessárias para fugir das tentações.
Segundo, a soberba cria um desprezo para os outros, tampando efetivamente os seus ouvidos contra as advertências que poderiam levantar uma cerca eficaz contra o leão feroz (1 Pd 5.8 ).
2. Liberdade Sexual
A censura do regime militar brasileiro acabou com a devolução do poder aos líderes civis. O resultado se observa nos grandes cartazes da revista playboy adornando nossas avenidas.
Filmes, novelas, vídeos, programas de TV, juntamente com dezenas de revistas nas bancas, nos deixam atônitos pela falta de pudor. O carnaval e as praias brasileiras conspiram juntamente para derrubar a castidade. Haveria um crente sequer que se defende cuidado-samente destes assaltos à mente pura ( At.5,28 )? Haveria um cristão que sente-se envergonhado com a beleza do corpo transformado numa cilada de tentação?
O efeito desta guerra acirrada contra a pureza, parece ser destruição da resistência. Antigamente as leis e a própria sociedade protegiam a população desta proliferação de "libertação sexual".
As massas, no dia de hoje, servem de pornografia legalizada em doses que outras gerações achariam incríveis. Torna-se tão natural que parece que voltamos à selva para curtir a nudez! Que é que o cristão deve fazer? Jó disse: Fiz aliança com meus olhos, como, pois, os fixaria eu numa donzela?" (31.1).
Nossa auto-confiança por si mesmo pode nos largar na hora da tentação se não tomarmos as necessárias providências. Não imaginemos que a Davi faltou um bom caráter; mas, caiu no adultério numa hora em que descansava confortavelmente no palácio.
Diferentemente de Urias, seu coração retirou-se do campo da batalha física para se entregar ao inimigo dentro de si (2Sm 11.1-11).
O pecado sexual não nos derruba repentinamente, mas surge de uma atitude relaxada em relação aos apetites e sensualidade. O caráter falha se não tiver princípios firmemente fundados na Rocha. Rigorosa disciplina é pouco diante da força da tentação.
O Pasto David Wong, do Instituto de Liderança Avançada, no Havaí, sugere três princípios para manter discreção sexual:
1. Estabeleça uma linha demarcada para controlar seu relacionamento com mulheres e homens;
2. Cultive um forte relacionamento de amor com sua própria esposa ou marido;
3. Redima o tempo: não permita que imaginação e fantasia quebrem sua comunhão com Deus.
Jonathan Edwards viveu em harmonia consigo mesmo seguindo várias resoluções. Uma delas vale a pena adotar: "Resolvi, a partir deste momento, e até a minha morte, jamais agir como se a minha vida me pertencesse, mas como sendo total e inteiramente de Deus."
3. Integridade na Área de Finanças
O caráter do cristão se revela na maneira que maneja o dinheiro. Paulo tinha grande receio que a condução das ofertas levantadas nas igrejas de Macedônia e Acaia, para os irmãos pobres da Judéia, trouxesse motivos para questionar sua integridade.
Insistiu que as Igrejas mandassem com ele cinco irmãos para evitar que qualquer possibilidade de acusação ganhasse credibilidade.
Não foi apenas Judas que se aproveitava da tesouraria dos discípulos para satisfazer a sua avareza. Pregadores munidos de escassos escrúpulos apareceram em Corinto para tirar vantagens financeiras "mercadejando a Palavra" (2Co 2.17).
Paulo se esforçava para sempre ter uma "consciência pura diante de Deus e dos homens" (At 24.16). Hoje o descaso na área de finanças não combina bem com o alto padrão de caráter cristão, segundo a Bíblia.
A avareza é condenada como pecado mortal (1Co 6.10): "Amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores" (1Tm 6.10). Paulo foi inspirado por Deus para nos mostrar o perigo que corremos quando permitimos que esse amor idólatra encontre guarida em nosso coração.
Nossa sociedade consumista encoraja contratação de dívidas que a Palavra de Deus proíbe (Rm 13.8 ). A marca do caráter cristão é o contentamento com o que Deus nos dá(1Tm 6.6). Foi parte da disciplina do amadurecimento do caráter de Paulo que o levou a dizer: "aprendi a viver contente em toda e qualquer situaçâo"(Fp 4.11). Jesus falou uma verdade de grande valor para nossos dias: "Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt.6.21).
4. Auto-Defesa
Mais uma característica do caráter humano é tentar evitar a dor da culpa e não passar a vergonha de confessar publicamente um pecado escandaloso.
Quem já confrontou um irmão mergulhado nalgum pecado deve esperar, de antemão, uma reação de auto-defesa. Nada mais comum do que um pecador mentir num momento de aperto. Acha melhor esconder a transgressão do que confessá-la e alcançar perdão. E nos casos em que não há meio de escapar da veracidade da acusação, o culpado tenta se defender, minimizando a gravidade de suas ações.
Somente um caráter recriado pelo Espírito Santo tem coragem para confessar: "Eu sou o culpado, e mais ninguém". Assim disse Davi: "Pequei contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal perante os teus olhos..." (Sl 51.4). Um caráter bem nutrido na Palavra e fortalecido pela comunhão com Deus, poderá escapar das cadeias de auto-defesa.
Os bem-aventurados de fato, são os pobres de espírito, os que se sentem grandemente beneficiados quando Deus os humilha e exalta o Salvador. Charles Simeon, pregador destacado de Cambridge durante 54 anos, na virada do século 17 achou que toda pregação deveria ter esta prioridade dupla.
Conclusão
Poderíamos debater durante horas sobre quais são os pecados que mais facilmente proliferam em nossa sociedade. Evidentemente, a cultura influencia atitudes de todos os que foram criados num único ambiente. Sendo, o bom caráter, um conjunto de qualidades apreciadas na cultura, pode-se esperar que a cultura formará atitudes e reações típicas.
Como o cristianismo bíblico faz parte da contra-cultura, devemos definir a melhor maneira de combater as tentações características. Hebreus nos alerta contra o pecado "pecado que tão tenazmente nos assedia" (Hb 12.1).
A formação do caráter, segundo o padrão bíblico, sólido e cheio de convicção na Verdade, deve fazer parte da formação de nossos filhos e ser um alvo prioritário de nossas igrejas.
O caráter se torna mais seguro, se tiver modelos excelentes no pais e nos líderes das igrejas. A glória de Deus brilha mais intensamente em vidas que mostram integridade e buscam a santidade.
Título deste subsídio: As dimensões do Caráter
Autor: Pr. Esdras Costa Bentho
Palavras-chave: Caráter; Temperamento; Personalidade; Vontade de Deus.
AS TRÊS DIMENSÕES DO CARÁTER CRISTÃO
Caráter, sua dimensão etimológica
O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo".
Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral. Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado.
A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis" ("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.
Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos” (hvqoj). Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade). Todavia, empregavam “ēthos” (hvqoj) quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco. O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. No entanto, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens. Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor.
Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).
Caráter, sua dimensão distintiva
O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que lhe determina a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída.
Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade. Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser. [1] Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”. [2]
Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social.
Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sangüíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável.
Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.
Caráter, sua dimensão antropo-teológica
Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética. Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributo morais de Deus refletiam-se na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30). É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7).
Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7).
O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.
Se desejares que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.
Esdras Costa Bentho
Redator do Setor de Educação Cristã e autor das obras Hermenêutica Fácil e Descomplicada e A Família no Antigo Testamento: História e Sociologia, ambos
Quem é você quando ninguém está olhando?
Extraído de um sermão de Joe Bishop
Estamos vivendo nos últimos tempos, quando Jesus poderá vir a qualquer momento. No entanto, se Ele demorar, a Igreja provavelmente enfrentará perseguição mais intensa. Eu acredito que a habilidade de resistir à perseguição gira em torno do que chamamos de “Caráter Cristão”.
Nosso caráter está relacionado com quem somos quando ninguém está olhando. Nossa reputação, por outro lado, diz respeito à nossa conduta como é vista ou percebida por outros. “Boa” conduta sem caráter se torna hipocrisia. Isto foi revelado à igreja em Sardo: “Ao anjo da Igreja que está em Sardo escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto!” (Apocalipse 3:1).
O livro de Apocalipse foi escrito, de certa forma, como uma profecia dos últimos tempos. Também foi dado como uma advertência para a Igreja. Nós, como cristãos, somos a Igreja. Já que Jesus pode vir a qualquer momento, nós temos que prestar atenção às advertências. A mensagem de Deus para os de Sardo era que eles tinham um nome – uma boa reputação – porém estavam mortos. Eles estavam vivendo em hipocrisia. Um bom nome é importante e nós queremos tê-lo. A base da nossa reputação, no entanto, deve ser a de um Caráter Cristão. Isso é o que nos ajudará a resistir a qualquer perseguição que nós tenhamos que enfrentar.
Deus está interessado em quem realmente somos. Algumas vezes nós podemos ser enganados por algumas coisas que parecem boas externamente, mas Deus nunca pode ser enganado. Minha família viveu por um tempo em Woodlake, Califórnia – Estados Unidos. Muitas frutas e hortaliças crescem em abundância nessa área, e algumas vezes nossos vizinhos ou pessoas da igreja nos deixavam uma sacola cheia de frutas e hortaliças em nossa porta. Certa noite, chegamos em casa da igreja e nossas filhas estavam com fome. Alguém havia deixado uma sacola de frutas na nossa porta, então minha esposa disse às crianças que comessem algumas das maçãs que essa pessoa havia trazido. Elas começaram a comer, e enquanto comiam se ouviam sons de desagrado. “Uh! Isto não está bom!” As crianças não podiam nos dizer exatamente o que estava errado com a maçã, mas elas sabiam que não tinha um sabor agradável. Quando examinamos as maçãs mais de perto, percebemos que não eram maçãs, mas eram marmelos! Veja como podemos ser enganados pelas aparências, mas Deus não se engana.
No Antigo Testamento, lemos que o Profeta Samuel foi instruído por Deus para ir à casa de Jessé e ungir um dos seus filhos para que fosse o rei. Quando Samuel conheceu o filho mais velho de Jessé, viu que ele era um jovem vistoso e teve certeza que ele era o ungido do Senhor. O Senhor lhe respondeu, “O homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” Deus sabe o que está dentro, e escolheu ao invés deste, o filho mais jovem.
Nós não podemos produzir frutos espirituais em nossas vidas da mesma forma que o agricultor não pode produzir frutos em suas árvores. Deus é o Único que fez a semente. Ele é o Único que dá crescimento à árvore, o aparecimento de seus ramos e folhagens, a germinação e a formação do fruto. O agricultor não pode fazer isso, ele somente coopera com Deus. O mesmo é verdade espiritualmente.
Em nossa casa gostamos de decorar uma árvore para o Natal. Normalmente não faz nenhuma diferença que tipo de árvore compramos, porque de qualquer modo não a podemos ver – pois tem um montão de coisas penduradas nela! Mas eu nunca vi um abeto produzir luzes elétricas. Eu nunca vi um pinheiro produzir enfeites de vidro em seus ramos. Essas coisas, somos nós quem as pomos nas árvores.
A Biblia nos diz claramente que, como Cristãos, temos que fazer certas coisas. Envolve ação. No entanto, Deus está mais interessado em quem somos do que no que fazemos. Boas obras não nos salvarão. Podemos fazer todas as boas obras das quais já ouvimos, e não serão suficientes. Podemos ser bem zelosos ao contribuir para o fundo missionário. Podemos dar esmola a um mendigo na esquina da rua. Podemos servir na cozinha ajudando a preparar comida para os outros. Mas se ao mesmo tempo estivermos degradando as nossas esposas ou esquecendo de atender nossos filhos, alguma coisa está errada. Caráter é algo que vem do coração. Bom caráter produzirá bom fruto, mas apregoar boas obras quando o coração não está reto é como pendurar ornamentos em uma árvore. Pode parecer ótimo, mas não é real. Nós nunca teremos Deus em nossas vidas por fazer boas obras, mas uma vez que temos Deus em nossas vidas, então haverá boas obras - bom fruto.
Considere virtude – um dos atributos do caráter que devemos possuir. Em 2 Pedro 1:5 nos foi dito, “acrescentai à vossa fé a virtude” Como podemos conseguir virtude? Fazendo algo virtuoso? Talvez tenhamos decidido sermos bem cuidadosos em nos vestirmos modestamente. Nós podemos fazer isso de forma muito virtuosa, entretanto damos meia volta e criticamos, contestamos ou reclamamos. Se este for o caso, então alguma coisa está errada! Não importa o que dizemos, ou as boas obras que fazemos, ou o que as pessoas pensam de nós, se não temos um coração que queira fazer a coisa certa, então há algo errado. Queremos ter o fruto que vem da alma, porque isso é o que vai nos proteger em tempos perigosos. Uma máscara externa não fará nada por nós quando as provas chegarem.
Alguns membros de nossa igreja estão envelhecendo e enfrentando dores, sofrimentos e solidão – circunstâncias que os deixariam desanimados se não tivessem algo real em seus corações. Em vez de reclamar, eles dizem, “Eu ainda tenho ao Senhor!” Algumas vezes doenças aparecem e destroem o corpo ou a mente, mas não podem tirar do coração o que o Senhor tem feito. Isto é Caráter Cristão. Quando tudo mais se vai, nós ainda temos o que está em nossos corações.
Quando nós temos Caráter Cristão, a evidência está em nossa conduta. Quando uma pessoa é salva existem evidências da sua salvação. Se alguém diz, “Eu sou salvo”, mas continua a mentir, roubar e viver imoralmente, é muito claro que não está salvo. Se você é salvo, sua conduta muda como evidência de que alguma coisa mudou dentro – no coração. Nós lemos em 2 Coríntios 5:17, “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” Se não há uma mudança de conduta, então o coração não mudou.
A santificação também é uma experiência definitiva que traz uma diferença em nossas vidas. A palavra de Deus nos ensina que a santificação provê limpeza interior da natureza pecaminosa com a qual todos nascemos. Haverá evidências na sua vida que você foi santificado – purificação no interior que se mostrará na sua vida diária.
Quando você recebe o batismo do Espírito Santo você o saberá, e também os outros. O batismo fará uma diferença em você. Haverá um poder novo em sua vida. O seu relacionamento com Deus se moverá para um novo nível, porque o Consolador estará morando em você. Isso se mostrará!
Traços de bom caráter não são aprendidos em um programa de dez passos ou em livros de auto-ajuda. Eles são mais do que apenas tentar fazer o melhor. Eles vêm através do trabalho de Deus no coração. O que vai nos sustentar em tempos de perseguição e perigo será algo que Deus nos tem dado, não algo que nós temos tentado desenvolver com nossas próprias forças. O segredo se encontra em 2 Pedro 1:3, onde diz que “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude.”
Deus diz, “Sede santos.” Ele não disse para fazermos algo para que aparentássemos santos. Ele diz, “sede” santo. Você não pode fazer a si mesmo santo da mesma forma que não pode salvar-se a si mesmo, mas quando você recebe a santidade de Deus por dentro, sua vida e conduta serão santas e agradáveis à Deus.
Pedro nos instrui no mesmo capítulo, “Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, E à ciência temperança, e à temperança paciência, e à paciência piedade, E à piedade amor fraternal; e ao amor fraternal caridade.” (2 Pedro 1:5-7). Ele não nos disse para fazer alguma coisa virtuosa ou piedosa ou boa. Ele nos instrui a sermos virtuosos, piedosos e bons por dentro. Isso é caráter. Deus nos ajudará a sermos assim se orarmos e pedirmos a Ele.
O livro de 2 Pedro não é o único lugar na Bíblia onde podemos encontrar essas instruções de como ser, ao invés de apenas fazer. Sim, há certas coisas que Deus nos diz para fazer, mas há mais coisas que Ele nos diz para sermos. Em Filipenses 2:15 diz, “sejais irrepreensíveis.” Em Apocalipse 2:10 diz, “Sê fiel.” Em Apocalipse 3:2 diz, “Sê vigilante.”
É seu desejo ser como Deus quer que você seja? A ajuda do Senhor está disponível. Este é um alto padrão, e Deus quer nos ajudar a perseverarmos nesta direção. Nós precisamos desta segurança para os últimos tempos. Nós precisamos se quisermos estar prontos para quando Jesus vier. Nós precisamos se quisermos permanecer verdadeiros e fiéis em tempos de perseguição e perigo.
Seu Caráter Cristão resistirá à prova?
Joe Bishop é ministro da Igreja Fé Apostólica em Woodlake, Califórnia – Estados Unidos
A natureza do caráter cristão - lição 1 - 3 trimestre
O caráter do cristão é quem ele é, de fato, não apenas quando está diante do pastor, ou do seu líder, ou mesmo com um grupo de amigos, mas quando está sozinho, e ninguém está observando-o. É a expressão mais exata da sua pessoa, sem máscaras, sem fingimentos ou aparências: o seu verdadeiro ser interior.
Muitas vezes, estamos preocupados em representar um papel, ou transmitir uma imagem, par a impressionar as pessoas que estão ao nosso redor, para parecer que somos inteligentes, amáveis ou respeitados. Muitos cristãos querem que as pessoas pensem coisas boas a seu respeito e demonstram ser santos, por fora, mas a alma está cheia de engano, mentira e pecado. Foi o que Jesus afirmou sobre os líderes religiosos de sua época: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.37).
Como afirmou um grande homem de Deus:
“Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação é apenas o que os outros pensam que você é.“
(John Wooden).
Alguém já disse, em se tratando de alguém quês está mudando de cidade, reputação é o que diziam quando ele chegou; caráter é o que estão dizendo, agora que ele se vai; ou seja, antes desta pessoa chegar, ninguém lhe conhecia de perto, mas apenas a sua “fama” o precedia. Agora que alguns tiveram a oportunidade de conviver com ele, sabem, de fato, quem ele é.
Um caráter moldado pela Bíblia, portanto, é a maior necessidade de um cristão, principalmente os que lideram, na casa do Senhor. Como disse o general que comandou a operação “Tempestade no Deserto”:
“Liderança é uma combinação de estratégia e caráter. Se você precisa ficar sem um, que seja sem a estratégia.“
Explanação
Como discutimos na semana passada, 2 Timóteo foi escrita para instruir e para encorajar Timóteo quando liderava a igreja de Éfeso. Paulo estava passando a tocha da liderança cristã a seu discípulo.
Na passagem de hoje, o apóstolo mostra para Timóteo quais qualidades e hábitos são necessários se um líder cristão quiser ser bem-sucedido no discipulado. Uma forma de resumi-los é pela discussão da definição do caráter cristão. Qualidades como honestidade, bondade e diligência exemplificam tal caráter. Sem elas, é impossível uma pessoa ser usada efetivamente por Deus. Uma questão crítica para os líderes eclesiásticos é: “Como posso ajudar os membros de minha igreja a desenvolverem um caráter cristão?” Esse é o foco da passagem bíblica de hoje: Paulo direcionou Timóteo a desenvolver o caráter cristão, com a idéia de que ele guiaria outros no mesmo rumo.
Exploração
Uma pessoa recebe automaticamente a natureza cristã no momento em que confessa sua fé em Jesus Cristo. Ela é livre, instantânea e garantida. As Escrituras dizem que o crente é uma nova criatura, porque ganhou uma nova natureza.
O caráter cristão, entretanto, não é instantâneo. Ele é desenvolvido com o tempo, e somente surge quando respondemos apropriadamente às provações e a outras oportunidades que Deus permite acontecerem em nossa vida. Devido ao nosso livre arbítrio na escolha de como responderemos a cada situação, não há garantia de optarmos pela resposta adequada, a qual construirá em nós o caráter cristão. Algumas vezes, selecionamos exatamente o oposto! Respondemos a um acontecimento de tal maneira que, ao invés de nos tornarmos mais parecidos com Jesus, distanciamo-nos ainda mais do seu padrão.
Paulo comunicou a Timóteo a necessidade de uma disposição para ser um obreiro do Senhor. Em 2 Timóteo 2.15, o apóstolo conclamou seu “filho na fé” para apresentar-se a Deus como obreiro aprovado. No verso 21, mostrou como o jovem estaria preparado para fazer qualquer boa obra para Deus.
O Senhor chama os crentes a guardarem a verdade e a comunicá-la a outros; significa que, geralmente, fazer o trabalho de Deus requer trabalhar com pessoas. Assim, Paulo sentiu a necessidade de aconselhar Timóteo sobre como ele e os demais membros da igreja deveriam se comunicar com os outros. No verso 14, por exemplo, convenceu-o a ensinar suas ovelhas a evitarem as contendas sobre palavras. Ele seguiu esse sentimento, declarando, no verso 23 a 26, que os servos de Deus precisam ser capazes de ensinar com mansidão, em lugar de entrarem em discussões acaloradas. (Veja 1 Timóteo 6.3-5 para uma revelação mais completa das preocupações de
Paulo nessa área.) Contender não é uma manifestação do caráter cristão.
Não apenas o método de comunicação era importante, como também seu conteúdo. Nos versos 16, 17 e18, Paulo urgiu Timóteo a evitar os falatórios inúteis e profanos, porque aqueles que habitualmente nisso se empenham afastam-se de Deus. O caráter dessas pessoas fica mais descrente. Exemplificou com a história de dois homens, Himeneu e Fileto, que haviam se desviado da verdade por causa do enfoque não centrado em Deus. Além disso, as idéias que estavam propagando serviram para levar outros a se desviarem da fé em Jesus Cristo.
Uma forma efetiva de resumir a apreensão que devemos ter em relação ao caráter cristão é reconhecer que ele envolve escolhas. Na passagem de hoje, Paulo conclama Timóteo e sua congregação a fazerem boas e efetivas escolhas ao deixarem de lado certas atividades (vs. 16, 20-24) e, em lugar delas, praticar outras (vs. 22, 25-26). Ele também assinalou a principal fonte a ser consultada para se fazer boas escolhas: a Palavra de Deus (v.15).
Encorajamento
Por que Paulo estava tão preocupado com o caráter de Timóteo? Porque sabia que este era um líder em Éfeso; portanto, seu caráter diretamente influenciaria as pessoas daquela congregação.
Quando você olha para sua posição na igreja, quais pessoas percebe serem influenciadas por seu comportamento? Já reparou que seu caráter afetará tanto os membros de sua congregação como os não-cristãos? Conhecendo isso, seria esse um bom momento para você fazer um inventário de seu caráter? Ele poderia ser descrito com certeza como um caráter cristão?
Nos versos 20 e 21, o apóstolo diz que algumas coisas foram feitas para propósitos honrosos e outras, para desonra. Pense em sua vida diária: onde vive, trabalha, estuda, compra, alimenta-se, diverte-se, etc. Numa semana típica, você interage com diferentes ambientes e cada um deles tem diferentes aspectos: alguns para propósitos nobres; outros, para os não tão sublimes. Desses locais, faça uma lista de artigos que deveria ter e, também, do que deveria evitar.
Para Paulo, uma pessoa que se purifica de artigos projetados para propósitos ignóbeis será útil a Deus e estará preparada para fazer qualquer boa obra. Que passos possíveis e práticos você pode tomar para começar a se abster de alguns desses artigos menos nobres que estão disputando sua atenção? Talvez um bom começo fosse pedir o perdão de Deus por se associar a tais coisas.
Além de fugir do que é mau, o apóstolo também orientou Timóteo a procurar o
bem. No verso 22, instruiu-o a seguir a justiça, a fé, o amor e a paz. Olhe sua
lista de coisas nobres presentes em seu dia-a-dia. Quaisquer delas resultam em justiça, em fé, em amor ou em paz? Nesse caso, que passos práticos pode tomar para começar a interagir mais freqüentemente com elas? Talvez possa escolher apenas um desses artigos e fazer algum plano concreto para desenvolvê-lo em seu caráter.
Nós já notamos que o apóstolo apontou a Palavra de Deus como um recurso efetivo para se construir um caráter cristão. Você tem um mecanismo que lhe permite receber uma dose regular da Palavra de Deus? Há algum espaço, em sua rotina, no qual você investe algum tempo só com a Bíblia? Se sua resposta é “não”, então o desafio a fazer todo o possível para mudá-la para “sim”.
Lembre que desenvolver o caráter cristão está relacionado a escolhas. Ninguém pode tomar tais decisões em seu lugar. Só você pode optar por qual direção tomar: a que o levará a ser mais parecido com Cristo, ou a que o afastará dele. Encorajo-o a seguir o caminho que o levará cada vez mais para perto do Senhor. E, uma vez feita a escolha, tome os passos necessários para implementá-la em sua vida. Aqueles que firmemente seguem esse processo serão usados por Deus para abençoarem a vida dos outros.
ephen Neill afirmou diante de líderes aspirantes que, "Os anos entre quarenta e cinqüenta são os mais perigosos na vida de um homem." A razão é, "que esse é o tempo em que nossas fraquezas serão mais facilmente demonstradas...
É muito importante descobrir agora, quando ainda somos jovens, quais são nossas fraquezas íntimas e tratá-las e não permitir que os anos nos desgastem, e então tornarem evidentes nossas fraquezas, justamente na hora em que deveríamos nos tornar líderes e pilares na Igreja" (On the Ministry, Londres, SCM Press, 1952, pp. 34-35).
Mais do que nunca devemos refletir sobre nosso caráter. A queda de um líder não ocorre de um dia para outro, mas, como ovos numa encubadora, os pintainhos devem ser previstos. Somos todos vulneráveis, mas quem se arma contra os inimigos da alma tem chance melhor de vencer que os que não se preveniram.
Adão caiu e juntamente com ele nós todos caímos (Rm 5.12). Esse lapso moral e espiritual de tal forma desfigurou o ser humano que ele vive em contradição consigo mesmo. Nenhuma outra criatura sofreu conseqüências tão devastadoras como o homem. O cão não luta para se dominar, nem aspira melhorar, um gato não cai no vício, nem busca a santificação.
Nós fomos criados para voar no meio das estrelas e rastejamos na lama. Que o homem tem potencial para fazer algum bem não podemos negar; porém, somente o mínimo desse potencial se concretiza em atos de amor.
Observamos um defeito profundo no caráter, uma depravação que contamina todo o seu ser. Paulo lamentava que a conversão não consertou de vez este mal. "Porque eu sei que em mim, isto é na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém o efetuá-lo" (Rm 7.18 ).
Todo cristão sincero almeja alcançar um caráter excelente e ser uma pessoa aprovada diante de Deus e dos homens (2Tm 2.15), mas, os escândalos e decepções provocadas por líderes espirituais, devem criar uma desconfiança em nós mesmos.
O Problema: Um Caráter Mal-Desenvolvido.
Fortes inimigos conspiram contra os cristãos que aspiram por integridade, confiabilidade, honestidade e transparência. As qualidades que Jesus atribuiu aos bem-aventurados se confrontam com forças antagônicas de tal potência que, se não gozarmos de ajuda divina, não se deve esperar a vitória, Desejo refletir sobre falhas de nosso caráter que devemos combater com especial dedicação.
1. A Soberba
O primeiro inimigo, o mais fundamental, deve ser o orgulho que domina o conceito que criamos de nós mesmos e dos outros. O líder brasileiro tem uma propensão grande para a soberba porque facilmente interpreta seu esforço para vencer os muitos obstáculos na vida como digno de algum mérito.
Um curso superior, uma posição de autoridade sobre os outros, facilmente enche o coração de vaidade, especialmente quando se nota que os colegas e amigos não alcançaram nenhuma posição de influência. A soberba se insinua tão sutilmente que persuadimos a nós mesmos que Deus nos deu uma posição de destaque porque somos melhores do que os outros.
Ecoamos no íntimo a oração do fariseu que se auto-congratulava porque, na sua opinião, merecia reconhecimento da parte de Deus e dos homens. Ficou totalmente cego ao olhar para si mesmo. É tremendamente difícil se auto-avaliar e não concluir que somos melhores do que se poderia esperar.
O Brasil não persegue seus líderes espirituais. O pastor, muitas vezes, tem prestígio na sociedade, até comparável a um profissional liberal.
Mas, as Escrituras advertem contra todo auto-prestígio. A primeira carta a Pedro recomenda: "Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça" (1 Pd 5.6 ).
O orgulho é antipático ao caráter íntegro, por duas razões. Pimeiro, o soberbo acha-se incapaz de cair. Não toma providências necessárias para fugir das tentações.
Segundo, a soberba cria um desprezo para os outros, tampando efetivamente os seus ouvidos contra as advertências que poderiam levantar uma cerca eficaz contra o leão feroz (1 Pd 5.8 ).
2. Liberdade Sexual
A censura do regime militar brasileiro acabou com a devolução do poder aos líderes civis. O resultado se observa nos grandes cartazes da revista playboy adornando nossas avenidas.
Filmes, novelas, vídeos, programas de TV, juntamente com dezenas de revistas nas bancas, nos deixam atônitos pela falta de pudor. O carnaval e as praias brasileiras conspiram juntamente para derrubar a castidade. Haveria um crente sequer que se defende cuidado-samente destes assaltos à mente pura ( At.5,28 )? Haveria um cristão que sente-se envergonhado com a beleza do corpo transformado numa cilada de tentação?
O efeito desta guerra acirrada contra a pureza, parece ser destruição da resistência. Antigamente as leis e a própria sociedade protegiam a população desta proliferação de "libertação sexual".
As massas, no dia de hoje, servem de pornografia legalizada em doses que outras gerações achariam incríveis. Torna-se tão natural que parece que voltamos à selva para curtir a nudez! Que é que o cristão deve fazer? Jó disse: Fiz aliança com meus olhos, como, pois, os fixaria eu numa donzela?" (31.1).
Nossa auto-confiança por si mesmo pode nos largar na hora da tentação se não tomarmos as necessárias providências. Não imaginemos que a Davi faltou um bom caráter; mas, caiu no adultério numa hora em que descansava confortavelmente no palácio.
Diferentemente de Urias, seu coração retirou-se do campo da batalha física para se entregar ao inimigo dentro de si (2Sm 11.1-11).
O pecado sexual não nos derruba repentinamente, mas surge de uma atitude relaxada em relação aos apetites e sensualidade. O caráter falha se não tiver princípios firmemente fundados na Rocha. Rigorosa disciplina é pouco diante da força da tentação.
O Pasto David Wong, do Instituto de Liderança Avançada, no Havaí, sugere três princípios para manter discreção sexual:
1. Estabeleça uma linha demarcada para controlar seu relacionamento com mulheres e homens;
2. Cultive um forte relacionamento de amor com sua própria esposa ou marido;
3. Redima o tempo: não permita que imaginação e fantasia quebrem sua comunhão com Deus.
Jonathan Edwards viveu em harmonia consigo mesmo seguindo várias resoluções. Uma delas vale a pena adotar: "Resolvi, a partir deste momento, e até a minha morte, jamais agir como se a minha vida me pertencesse, mas como sendo total e inteiramente de Deus."
3. Integridade na Área de Finanças
O caráter do cristão se revela na maneira que maneja o dinheiro. Paulo tinha grande receio que a condução das ofertas levantadas nas igrejas de Macedônia e Acaia, para os irmãos pobres da Judéia, trouxesse motivos para questionar sua integridade.
Insistiu que as Igrejas mandassem com ele cinco irmãos para evitar que qualquer possibilidade de acusação ganhasse credibilidade.
Não foi apenas Judas que se aproveitava da tesouraria dos discípulos para satisfazer a sua avareza. Pregadores munidos de escassos escrúpulos apareceram em Corinto para tirar vantagens financeiras "mercadejando a Palavra" (2Co 2.17).
Paulo se esforçava para sempre ter uma "consciência pura diante de Deus e dos homens" (At 24.16). Hoje o descaso na área de finanças não combina bem com o alto padrão de caráter cristão, segundo a Bíblia.
A avareza é condenada como pecado mortal (1Co 6.10): "Amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores" (1Tm 6.10). Paulo foi inspirado por Deus para nos mostrar o perigo que corremos quando permitimos que esse amor idólatra encontre guarida em nosso coração.
Nossa sociedade consumista encoraja contratação de dívidas que a Palavra de Deus proíbe (Rm 13.8 ). A marca do caráter cristão é o contentamento com o que Deus nos dá(1Tm 6.6). Foi parte da disciplina do amadurecimento do caráter de Paulo que o levou a dizer: "aprendi a viver contente em toda e qualquer situaçâo"(Fp 4.11). Jesus falou uma verdade de grande valor para nossos dias: "Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt.6.21).
4. Auto-Defesa
Mais uma característica do caráter humano é tentar evitar a dor da culpa e não passar a vergonha de confessar publicamente um pecado escandaloso.
Quem já confrontou um irmão mergulhado nalgum pecado deve esperar, de antemão, uma reação de auto-defesa. Nada mais comum do que um pecador mentir num momento de aperto. Acha melhor esconder a transgressão do que confessá-la e alcançar perdão. E nos casos em que não há meio de escapar da veracidade da acusação, o culpado tenta se defender, minimizando a gravidade de suas ações.
Somente um caráter recriado pelo Espírito Santo tem coragem para confessar: "Eu sou o culpado, e mais ninguém". Assim disse Davi: "Pequei contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal perante os teus olhos..." (Sl 51.4). Um caráter bem nutrido na Palavra e fortalecido pela comunhão com Deus, poderá escapar das cadeias de auto-defesa.
Os bem-aventurados de fato, são os pobres de espírito, os que se sentem grandemente beneficiados quando Deus os humilha e exalta o Salvador. Charles Simeon, pregador destacado de Cambridge durante 54 anos, na virada do século 17 achou que toda pregação deveria ter esta prioridade dupla.
Conclusão
Poderíamos debater durante horas sobre quais são os pecados que mais facilmente proliferam em nossa sociedade. Evidentemente, a cultura influencia atitudes de todos os que foram criados num único ambiente. Sendo, o bom caráter, um conjunto de qualidades apreciadas na cultura, pode-se esperar que a cultura formará atitudes e reações típicas.
Como o cristianismo bíblico faz parte da contra-cultura, devemos definir a melhor maneira de combater as tentações características. Hebreus nos alerta contra o pecado "pecado que tão tenazmente nos assedia" (Hb 12.1).
A formação do caráter, segundo o padrão bíblico, sólido e cheio de convicção na Verdade, deve fazer parte da formação de nossos filhos e ser um alvo prioritário de nossas igrejas.
O caráter se torna mais seguro, se tiver modelos excelentes no pais e nos líderes das igrejas. A glória de Deus brilha mais intensamente em vidas que mostram integridade e buscam a santidade.
Título deste subsídio: As dimensões do Caráter
Autor: Pr. Esdras Costa Bentho
Palavras-chave: Caráter; Temperamento; Personalidade; Vontade de Deus.
AS TRÊS DIMENSÕES DO CARÁTER CRISTÃO
Caráter, sua dimensão etimológica
O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo".
Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral. Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado.
A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis" ("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.
Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos” (hvqoj). Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade). Todavia, empregavam “ēthos” (hvqoj) quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco. O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. No entanto, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens. Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor.
Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).
Caráter, sua dimensão distintiva
O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que lhe determina a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída.
Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade. Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser. [1] Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”. [2]
Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social.
Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sangüíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável.
Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.
Caráter, sua dimensão antropo-teológica
Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética. Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributo morais de Deus refletiam-se na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30). É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7).
Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7).
O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.
Se desejares que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.
Esdras Costa Bentho
Redator do Setor de Educação Cristã e autor das obras Hermenêutica Fácil e Descomplicada e A Família no Antigo Testamento: História e Sociologia, ambos
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